Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não deve ser considerada sinônimo de terminalidade, caracterizando um estado único de proximidade com a morte. Prestar atendimento intensivo a pacientes que apresentam doenças graves e risco de morte é um dos objetivos da UTI, mas não é o único.
A Unidade de Terapia Intensiva surgiu nos EUA, entre o final da década de 50 e início dos anos 60, quando se percebeu a necessidade da existência de Centros para o acompanhamento contínuo de pacientes que precisavam de cuidados especiais. No Brasil, o tratamento intensivo foi implantado cerca de 10 anos depois. Entre as primeiras UTIs implantadas em São Paulo estão a do Hospital do Servidor Público Estadual, Hospital Sírio Libanês, Hospital das Clínicas da FMUSP e Hospital Albert Einstein.
Com a instalação de diversas UTIs no país, médicos intensivistas do estado de São Paulo reuniram-se e, em 1976, criaram a Sociedade Paulista de Terapia Intensiva. Este grupo foi ampliado em 1980 quando foi fundada a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Desde então, a Associação de caráter nacional atua na difusão do trabalho do médico intensivista, buscando maior proximidade com entidades médicas representativas, a fim de aperfeiçoar a atuação do profissional dentro da UTI.
Para atender às necessidades dos pacientes, a UTI é composta basicamente por equipamentos que realizam a monitoração contínua da freqüência cardíaca, da pressão arterial e da saturação de oxigênio no sangue (respiração). Esses dados são reunidos em gráficos, que permitem avaliar e acompanhar o estado de saúde do paciente e orientaram o médico na administração do tratamento mais adequado. Além da aparelhagem de alta tecnologia, o paciente de UTI conta com o acompanhamento permanente da equipe de profissionais, formada por médicos intensivistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos.
Vale ressaltar que entre os principais beneficiários do tratamento intensivo está o paciente cuja internação na UTI é indicada, planejada e eletiva, permitindo a recuperação mais rápida e efetiva em um período pós-operatório. Nestes casos, a UTI funciona como mecanismo de prevenção, evitando, por exemplo, complicações posteriores aos procedimentos cirúrgicos de grande porte. É o caso dos pacientes com antecedente de tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, infarto ou até idade avançada que, mesmo saudáveis, necessitam de cuidados especiais após uma intervenção cirúrgica.
Conseqüentemente, a internação na UTI representa um investimento na vida e na saúde do paciente, uma forma de prevenir complicações que podem aparecer devido à ausência de um acompanhamento intensivo ao paciente. Muito mais que do que cuidar de pacientes terminais, a UTI contribui de forma efetiva para evitar que muitos pacientes “corram o risco de morte”.
Câmara Técnica de Medicina Intensiva do Cremesp