Muitas pessoas questionam se o Livre Arbítrio existe de fato, já que fatores inconscientes, energéticos e cármicos, freqüentemente determinam nossas ações. Somos realmente livres para fazermos nossas escolhas? Nosso destino é algo pré-determinado ou podemos construí-lo de acordo com nosso desejo e vontade? Até que ponto o ser humano pode efetivamente decidir sobre seus caminhos? Muito se tem discutido a respeito dessa questão, sem que respostas definitivas sejam encontradas. Nos círculos filosóficos, psicológicos e espiritualistas encontramos formas bastante diferenciadas de abordar esse assunto tão controverso, que ao que parece não apresenta em si mesmo, por sua própria natureza, uma possibilidade de resposta simples e imediata. A Psicanálise nos mostra que a realização de nossas escolhas é largamente determinada pelo funcionamento do nosso Inconsciente. Aspectos emocionais bastante profundos e que muitas vezes passam ao largo de um conhecimento mais consciente, são os fatores que freqüentemente determinam de uma maneira muito intensa a forma como construímos nossas vidas. Nessa mesma direção, mas com um enfoque diverso, os círculos espíritas e espiritualistas apresentam dois conceitos bastante polêmicos e controversos, os conceitos de Karma e Livre Arbítrio, como forças que determinam e justificam em grande parte o poder de nossas escolhas. O conceito de Karma enquanto ‘Lei de Causa e Efeito’, representa a soma de todas as ações realizadas por um indivíduo, e que produzem, inevitavelmente, conseqüências positivas ou negativas que vão tanto impactar o curso dos fatos, quanto implicar na completa responsabilidade por aquilo que fazemos e criamos em nossa realidade. Isto quer dizer que não somos ‘punidos por nossos pecados’, mas simplesmente colhemos o que nós mesmos plantamos em momentos pretéritos. O “bom ou mau Karma”, dependendo das sementes que plantamos no solo de nossas jornadas. Embora tanto os conceitos psicanalíticos de Inconsciente quanto o conceito espiritualista de Karma possam, a princípio dar a impressão de que nosso destino é “imutável’ e de que estamos à mercê de “forças maiores”, isso tudo pode ser modificado quando desenvolvemos um processo de auto-conhecimento de nossa natureza emocional e espiritual, compreendendo, transmutando e integrando de uma forma mais completa nossos pensamentos, ações e sentimentos, o que nos levará ao exercício de um Livre Arbítrio muito mais baseado no poder de escolhas cada vez mais conscientes, modificando tudo aquilo que nos faz sofrer, deixando para trás tudo aquilo que já não nos serve mais. Isso nos leva a pensar, e por mais incrível que possa parecer, que ‘modificar o Karma e as determinações inconscientes’, através de um contato profundo com nossa essência emocional e espiritual, é o que nos permitirá sermos capazes de criativamente construirmos caminhos diferentes e mais felizes.
Monica Cristina Raza
Psicóloga Clínica