A greve nacional dos petroleiros entrou nesta segunda-feira (10) em seu décimo dia, com adesões em 95 unidades do Sistema Petrobras, em 13 estados brasileiros. Cerca de 20 mil trabalhadores estão mobilizados de norte a sul do país nesta que é considerada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos como a greve mais forte da categoria nos últimos anos.
“Estamos vivendo um momento histórico, uma das categorias mais fortes do nosso país está sob levante, os petroleiros, à qual faço parte, estamos há 9 dias de greve nacional, várias plataformas produtoras de petróleo, refinarias, terminais aderiram a greve, estamos sendo atacados pelo poder judiciário e os meios de comunicação só comunicam um lado dessa situação toda, precisamos sair da estagnação”, postou no Facebook neste fim de semana um trabalhador que aderiu à greve e teve seu post reproduzido na rede social pela representante da categoria Cibele Vieira, que está acampada na sede da Petrobras no Rio de Janeiro desde o dia 31 de janeiro, compondo a Comissão de Negociação Permanente.
Os petroleiros cobram a suspensão das demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), previstas para terem início na próxima sexta-feira (14), e o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho.
No final de semana, trabalhadores de mais três plataformas entraram em greve, junto com os operadores do Terminal Aquaviário de Vitória. Nesta segunda, pela manhã, os trabalhadores da manutenção e do escritório do terminal também aderiram ao movimento. Ainda durante esta segunda, mais três plataformas se somaram à greve na Bacia de Campos.
Já são, portanto, 43 plataformas, 18 terminais, 11 refinarias e mais outras 20 unidades operacionais e 3 bases administrativas com trabalhadores em greve por todo o país.
Segundo a FUP, a adesão dos petroleiros à greve ocorre sem piquetes, na base do convencimento, em cumprimento à decisão do ministro do TST, Ives Gandra. Os petroleiros dizem que a direção da Petrobras, por sua vez, continua negando o acesso das representações sindicais às unidades para averiguar o quantitativo de trabalhadores necessário para manter com segurança o atendimento das necessidades básicas da população.
Em vez de negociar com a FUP e os sindicatos, a gestão da empresa descumpre medidas judiciais e a própria legislação, anunciando que está providenciando “a contratação imediata de pessoas e serviços, de forma emergencial, para garantir a continuidade operacional em suas unidades durante a greve”.
Ao mesmo tempo, a Petrobras informa que “as unidades estão operando nas condições adequadas, com reforço de equipes de contingência quando necessário, e não há impactos na produção até o momento”.
A contradição da gestão da empresa evidencia o tratamento político que está dando à greve dos petroleiros, ao querer criminalizar o movimento. Para isso, coloca em risco a segurança dos trabalhadores e das próprias unidades ao anunciar a contratação de “fura-greves”- afirmam os petroleiros.
O artigo 9° da Lei de Greve (7.783/89) sustenta que patrão e empregados manterão “os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento”.
“Os petroleiros são os mais interessados na manutenção da segurança do ambiente de trabalho e na continuidade das operações após a greve”, defende a FUP.
“Por que os gestores se negam a dialogar com a Comissão Permanente de Negociação da FUP que segue há 11 dias em plantão de 24 horas dentro da sede da Petrobras, buscando interlocução com a empresa?”, questionam os petroleiros em nota no site da FUP.
“Em vez disso, a gestão da Petrobras continua tentando, sem sucesso, expulsar os cinco dirigentes sindicais que estão desde 31 de janeiro em uma sala de reuniões no andar onde funciona a gerência de Recursos Humanos, cobrando um canal de negociação com a empresa”, afirma a federação.
Por Rede Brasil Atual