Trecho da orelha, assinada por Gabriele Rosa
“A loja de lámen”, novo livro de poesia do escritor Lucas Grosso (@lucasgrossooficial), aborda o efeito das crises do capitalismo tardio na psiquê de toda uma geração. Publicado pela editora Penalux (118 pág.), a coletânea de poemas conta com a orelha assinada pela poeta, contista e dramaturga Gabriele Rosa.
O poeta trabalha as angústias, planos e ideais frustrados dos millennials, transformando a precarização do trabalho, o sentimento de inadequação e as decepções amorosas em corpo poético. Sobre isso, Gabriele Rosa afirma: “Lucas Grosso sutura poemas do cotidiano alargado – e restrito, paradoxalmente – pela pandemia de Covid-19, em travessia com outras formas baldias emocionais e performativas do pós-pandêmico. o autor elabora um narrador-espelho, se coloca em jogo poético.”
Em “A loja de lámen”, a cidade de São Paulo aparece e, a partir dela, o autor faz do isolamento, do não-pertencimento, das crises e da busca por algum tipo de alívio algo coletivo. E isso, nas palavras de Gabriele Rosa, se manifesta nas andanças, nos diálogos com outros escritores, nas canções, nas plantas e na paternagem como uma resposta às ruínas inevitáveis de um corpo que é vivo, e pulsa em direção ao outro.
Lucas considera que esse livro é uma continuidade de suas obras anteriores. Nele, acontece um esvaziamento de ideologias, padrões de vida, crenças pessoais, nacionalismo e demais formadores tradicionais do que se considera identidade. “A sociedade nos traiu ou não nos aceita como somos. Isso causa aflição, angústia, indecisão, e os choque geracionais são pesados”, evidencia. “A ideia que quero começar a defender: minha obra é uma tentativa de criar uma Comédia Humana do século 21. Se estou longe de escrever como Balzac, estou começando a parecer (fisicamente) com ele”, brinca.

A poética de Lucas Grosso como análise da existência individual e coletiva
Nascido em São Paulo, em 1990, Lucas Grosso se formou em Letras pela PUC-SP e tem Mestrado em Literatura pela mesma instituição. Concursado pela Prefeitura de São Paulo, já participou de revistas como Mallarmargens, Zunái, Subversa, 7faces e Toró. Atualmente, colabora para os portais Fazia Poesia e Revista Úrsula. Lucas também é autor de “Nada” (Patuá, 2019), “Hinário Ateu” (Urutau, 2020) e coautor de “Terra dos papagaios” (Penalux, 2021).
Suas principais referências literárias são muitas e vão desde Tchekhov, Beckett e Milton Nascimento até Angélica Freitas, Lubi Prates, Aline Rocha, Julia Dantas e Ana Martins Marques. Na construção desse livro, o autor destaca como influência “As Helenas de Troia, NY” da Bernadette Meyer, “Uma estranha na cidade” de Carol Bensimon, “A teus pés” da Ana Cristina Cesar, “Não-lugares” de Marc Augé, os livros de Roberto Freire, o disco “Alucinação” de Belchior e Caetano Veloso como um todo. As oficinas ministradas por Gabriele Rosa também foram muito importantes para o processo criativo de “A loja de lámen”.
Sobre projetos futuros, Lucas tem uma coletânea de poesias a ser publicada em breve e alguns projetos em andamento, um deles envolve seguir essa escrita analítica, que lhe é cara, em uma obra que busca explorar o que significa romper com a tradição social e cultural anterior, reorganizando parâmetros e paradigmas, ressignificando valores e instituições. Também sonha em sistematizar sua escrita voltada para a literatura infantil, feita com e para sua filha de sete anos.