A automedicação pode ser bastante prejudicial aos portadores do vírus HIV. Mesmo chás e ervas medicinais podem interferir negativamente no tratamento de soropositivos. O alerta é feito pelo CRT DST/Aids, órgão da Secretaria de Estado da Saúde. Na lista de substâncias para as quais vale o alerta, estão algumas bastante populares, como o boldo do Chile, guaraná, erva mate e chá preto, entre outras.
A erva de São João, por exemplo, utilizada como calmante natural em forma de cápsulas, pode interferir no tratamento. “A substância ativa da erva de São João acelera o metabolismo dos medicamentos no fígado, diminuindo o nível dos mesmos no sangue e, conseqüentemente, reduzindo sua eficácia”, alerta o infectologista José Valdez Ramalho Madruga, diretor da unidade de pesquisa de novos medicamentos do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids-SP.
Já as cápsulas de alho podem reduzir a absorção de inibidores de protease, como o Amprenavir e o Atazanavir, entre outros. “Mas é preciso deixar claro que o consumo moderado de alho como tempero na culinária cotidiana não é nocivo aos pacientes”, pondera o infectologista.
“O boldo do Chile, guaraná, erva mate e chá preto podem aumentar os efeitos neuropsiquiátricos do Efavirenz. Por sua vez, o confrei pode induzir a danos hepáticos”, completa. A Echinacea purpurea em cápsulas, indicada por homeopatas para estimular a imunidade, na verdade causa aumento da liberação de interleucinas e do fator de necrose tumoral, que aumentam a replicação do vírus HIV, provocando mais malefícios que benefícios aos pacientes.
“Estes produtos, apesar de serem naturais, devem ser consumidos apenas sob orientação médica”, aconselha Madruga.