Considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma das seis maiores epidemias de origem parasitária do mundo, focos da Leishmaniose Visceral Canina continuam se expandido. Na América Latina, a doença está presente em 12 países, sendo que 90% dos casos ocorrem no Brasil.
O homem se infecta ao ser picado por um inseto (flebotomíneo) infectado com o protozoário Leishmania infantum/chagasi, e a maior fonte de infecção para estes insetos, no meio urbano, são os cães portadores da doença. O número de casos humanos da doença não para de crescer, e se o paciente não for tratado a tempo, dificilmente resiste.
Atualmente, no Brasil, o tratamento de cães positivos é proibido, e dentre as medidas de controle da Leishmaniose Visceral adotadas pelo Ministério da Saúde, está o sacrifício de cães soropositivos. Não é preciso gostar de cães para entender a importância desses animais na vida de uma família; amigos e companheiros dos homens, são tratados como entes queridos. Também não é necessário tê-los para compreender a dor e a tristeza quando de sua perda. Mas os animais que vivem em áreas endêmicas não estão condenados, existem maneiras de prevenir a doença no cão.
A Leishmune, primeira vacina do mundo contra a Leishmaniose Visceral Canina foi lançada no Brasil em 2004, e desde então está disponível para a imunização de cães contra a Leishmaniose Visceral Canina (LVC). O maior entrave ao seu uso em larga escala foi a dúvida quanto à possibilidade de diferenciação sorológica entre cães vacinados e cães doentes por meio dos métodos sorológicos utilizados nos inquéritos caninos, realizados como medida de controle da LVC no Brasil.
Trabalhos apresentados em congressos desde 2005 demonstraram que os cães vacinados com a Leishmune® apresentam resultado sorológico negativo nos testes ELISA e RIFI realizados em laboratórios particulares ou em inquéritos epidemiológicos (métodos atualmente disponíveis e devidamente registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e Ministério da Saúde).
No XXI Congresso Brasileiro de Parasitologia, que ocorreu no fim de 2009, em Foz do Iguaçu, mais um trabalho comprovou a negatividade sorológica dos cães vacinados com a Leishmune. Os resultados demonstraram que animais vacinados com antígeno FML (Leishmune®) apresentaram resultados negativos quando submetidos aos testes preconizados pelo Programa Brasileiro para o Controle da LV (ELISA e RIFI com antígeno L. major-like), comprovando que é possível diferenciar sorologicamente cães vacinados com a Leishmune® dos cães infectados pela L. infantum/chagasi. Portanto, cães vacinados com Leishmune não interferem nos inquéritos epidemiológicos oficiais realizados para o controle da doença.
Fabiana F. Grecco, Coordenadora Técnica da Linha de Animais de Companhia da Fort Dodge, reitera que “somente uma vacina com cinco anos de mercado pode apresentar dados de campo e resultados desta magnitude, ajudando a trazer soluções para este temido problema que é a Leishmaniose”.