A Rabeca Cultural convida para espetáculo “Caixinha de Música Quebrada” criado sobre obras de Heitor Villa-Lobos e Mário de Andrade, com o sexteto formado por Felipe Botelho (Contrabaixo, músico e ator), Amanda Ferrarezi (Violoncelo), Cosme Lucian (Percussão), Gui Calzavara (Bateria, Trompete, voz e ator), Carlos Eduardo Samuel (Piano) e Bárbara Sena (Voz), dia 15 de dezembro de 2024, domingo, às 19h30.
Caixinha de Música Quebrada é um trabalho inédito dirigido por Felipe Botelho e Amanda Ferraresi que traz uma versão antropofágica do encontro de dois dos maiores nomes da música e da arte brasileira no século XX: Mário de Andrade e Heitor Villa-Lobos.
Com esse trabalho Felipe e Amanda seguem sua pesquisa em cima da obra do maestro, que foi em grande parte desenvolvida ao lado do diretor José Celso Martinez Corrêa. Essa pesquisa culminou no espetáculo musical/teatral Rasga Coração: Teatro Oficina Devora Villa-Lobos, dirigido por Felipe com assistência e direção musical de Amanda, que teve duas temporadas no Teatro Oficina, além de apresentações nas cidades de Santo André e Jundiaí, nas unidades do Sesc.
O espetáculo apresenta uma interpretação popular, divertida e moderna de canções como Trenzinho do Caipira e Melodia Sentimental, temas instrumentais como Cantilena e O Canto do Cisne Negro, e também Viola Quebrada, canção escrita por Mário e arranjada por Villa-Lobos, e Xangô, canto recolhido por Mário e que também recebeu arranjos de Villa. Além das músicas, o espetáculo traz textos escritos por Mário sobre o compositor Villa-Lobos que sempre buscou essa aproximação entre a música erudita e popular, levando o chorinho, o maxixe e os cantos indígenas para as salas de concerto. Agora o espetáculo faz o caminho contrário, trazendo as obras do maestro para um espaço popular, buscando uma interpretação que aproxime a sua obra dos ouvidos de hoje em dia. A apresentação tem como principais solistas o cantor, ator e multi-instrumentista Gui Calzavara, que também interpreta Mário de Andrade e a violoncelista Amanda Ferraresi, que também fizeram parte de Rasga Coração e foram dirigidos por Zé Celso em diversos espetáculos do Teatro Oficina.
“Eu gostava era daquele Villa-Lobos de antes de, que ainda não aprendera a viver. Que vivedor maravilhoso era ele então! Fazia uma malvadeza colérica, sem nem de longe saber que estava fazendo uma malvadeza colérica, saía bufando da casa que o hospedava, grosseiro, mal-educado, e logo estava em plena rua se espojando no chão, esquecido, puro, anjo, pasteurizado, brincando com uma criança que passeava… Pobre, numa dificuldade reles de dinheiro, ganhava uma bolada boa, tinha dívidas a pagar, mas convidava a gente pra um restaurante, onde acabava gastando não só o que ganhara, mas uma quantia que os outros precisavam completar. Fazia uma improvisação no violoncelo, completamente ruim e mal-executada, ou se arrepelava porque lhe tocavam errado a Lenda do Caboclo, exemplificando ao piano de maneira horripilante, pra logo estar ganhando horas empinando papagaio, e vir jogar na pauta os esboços duma Ciranda ou de qualquer outra obra-prima…”
(Mário de Andrade em ‘O Perigo de Ser Maior’, Folha da Manhã de São Paulo, 19 de outubro de 1944)
Felipe Botelho trabalha desde 2011 no Teatro Oficina. Foi diretor do espetáculo “Rasga Coração: Teatro Oficina Devora Villa-Lobos”. Assinou direção musical de diversos espetáculos na companhia, como “Macumba Antropófaga”, “Acordes”, “Cacilda 3”, “Cacilda 4”, “Mistérios Gozozos”, “Roda Viva”, “Esperando Godot” e “Fausto”, todos com direção de José Celso Martinez Corrêa. Também fez trabalhos fora do Oficina, como a direção musical de “Wonder!! Vem Pra Barra Pesada”, indicado ao Prêmio Shell 2023 na categoria música, e os discos “Tribunal do Feicibuqui” e “Vira-Lata na Via-Láctea”, ambos de Tom Zé, onde tocou baixo e assinou arranjos em diversas faixas.
Amanda Ferraresi é bacharel em violoncelo pela Universidade de São Paulo (USP), tendo sido orientada pelo professor Robert Suetholz (EUA). Integrou diversas orquestras jovens, entre elas a Orquestra Jovem de Paulínia (2012) e a Orquestra Jovem de Guarulhos (2016). Participou da fundação da Camerata Profana, coletivo de música contemporânea premiado na XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea (2015), no Rio de Janeiro. Desenvolve pesquisas de música popular brasileira instrumental e trabalha com grupos teatrais desde 2014, atuando como violoncelista e na co-direção musical em companhias como Teatro Oficina Uzyna Uzona.
Cosme Lucian é natural da cidade de Aramari, na Bahia, Cosme Lucian é percussionista, arranjador, pesquisador, palestrante e educador social. Músico popular com referência nos mais diversos gêneros musicais, especialmente em ritmos brasileiros com foco na Bahia, tocou com Timbalada, Olodum e Ilê Ayê. Sob forte influência do jazz, soul, reggae e funk, desenvolveu suas técnicas musicais de forma independente e se aperfeiçoou pelas artes cênicas, tocando em Teatro Vila Velha e hoje atuante no Teatro Oficina, sendo mestre de bateria do Bloco Filhos do Zé
Gui Calzavara é baterista, trompetista, cantor e ator. Integrou a Orquestra Sinfônica de Bragança por sete anos. Tocou nos grupos Bragança Bossa Jazz, Bolácumpaia, Druques e Tigre Dente de Sabre e com os artistas: Adriana Calcanhoto, Nando Reis, Tulipa Ruiz, Tatá Aeroplano, Vitor Araújo, Celso Sim, Leo Cavalcanti, Karina Buhr e Péricles Cavalcanti. É ator e músico do Teatro Oficina, da Mundana Companhia e da CIA Livre.
Bárbara Sena é bacharel em Canto pela USP, já foi membro de diversos projetos vocais em São Paulo, incluindo Coral Jovem do Estado de São Paulo. Também foi integrante do bloco Ilú Oba de Min. Atualmente desenvolve trabalho solo autoral.
Serviço
Caixinha de Música Quebrada
Felipe Botelho, Amanda Ferraresi, Cosme Lucian, Gui Calzavara, Carlos Eduardo Samuel e Bárbara Sena.
Data 15 – Domingo – 19h30
Ingressos R$ 40,00. Crianças até 12 anos pagam meia entrada. Antecipados até às 17h do dia 15 de dezembro, domingo, pelo whatsapp 19 997206186, ou na portaria a partir das 18h30.
Rabeca Cultural
Av. Dona Maria Franco Salgado, 250, Sousas, Campinas.