Decisão da executiva estadual, liderada por Alex Manente, consolida a ascensão do vereador Vini Oliveira e encerra o ciclo de influência de Zimbaldi na sigla
A expulsão do deputado estadual Rafa Zimbaldi do Cidadania marcou o ponto mais tenso de uma disputa interna que se arrasta desde as eleições municipais de 2024 em Campinas. A decisão, tomada de forma sumária pelo presidente estadual Alex Manente, selou uma ruptura política que envolve acusações de traição partidária, interferências externas e o enfraquecimento de antigas alianças locais.
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Durante anos, Zimbaldi exerceu forte influência sobre o diretório municipal do Cidadania, mas o cenário mudou com a ascensão do vereador Vini Oliveira, eleito com 11.423 votos em sua primeira candidatura. A relação entre ambos desmoronou ainda durante a campanha, e o rompimento foi total. Desde então, Vini e Rafa não se falam, e o diretório campineiro se dividiu.

A tensão aumentou quando o diretório municipal, crítico ao comportamento do vereador — especialmente suas filmagens em unidades de saúde e embates públicos com adversários —, passou a ser visto pela direção estadual como um obstáculo à reestruturação do partido e aos planos para 2026. A resposta de Manente veio em duas etapas: primeiro, a destituição da executiva municipal e, em seguida, a expulsão de Zimbaldi, abrindo espaço para que Vini se consolidasse como principal nome do Cidadania em Campinas.
O Ato nº 01/2025 da executiva estadual fundamenta a expulsão alegando dupla filiação partidária, já que Zimbaldi aparece no sistema do TSE como integrante do Cidadania e, simultaneamente, como presidente da executiva municipal do União Brasil em Campinas. O documento cita o estatuto partidário e a jurisprudência eleitoral, segundo as quais a dupla filiação implica desfiliação automática.
Em nota, Zimbaldi reagiu com veemência. Chamou o ato de “ilegal, precipitado e midiático”, acusou Manente de perseguição política e negou ter se filiado ao União Brasil. “Nunca deixei o Cidadania. Essa decisão é uma manobra para calar vozes independentes”, afirmou o deputado.
A crise, porém, tem raízes antigas. Nas eleições de 2024, Zimbaldi articulou — com o apoio da executiva estadual do União Brasil — o ingresso do partido em sua coligação, rompendo com a aliança histórica com o prefeito Dário Saadi (Republicanos). A manobra garantiu à sua chapa a candidatura de Raquel Rímoli (União) como vice. Após a vitória de Dário no primeiro turno, Zimbaldi manteve o controle político sobre o União Brasil em Campinas e, meses depois, assumiu formalmente a presidência do diretório municipal da legenda — sem abrir mão da filiação ao Cidadania.
Agora, a direção estadual usa esse duplo comando como justificativa para o afastamento definitivo do parlamentar. A medida também redefine o mapa político campineiro, consolidando Vini Oliveira como o novo rosto do Cidadania e isolando Zimbaldi, que estuda recorrer à Justiça Eleitoral para tentar reverter a decisão.
Com a expulsão, o partido em Campinas entra em nova fase — uma em que a disputa por protagonismo local promete se manter acirrada até o próximo ciclo eleitoral.




