Ministro afirma que conversas se limitaram aos efeitos da Lei Magnitsky sobre o sistema bancário
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, falou pela primeira vez sobre as suspeitas envolvendo encontros e contatos com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Em nota divulgada por meio da assessoria do STF, Moraes negou ter tratado de qualquer assunto de interesse privado e afirmou que todas as interações ocorreram exclusivamente no contexto institucional da aplicação da Lei Magnitsky.
>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp
A manifestação ocorre após a divulgação de informações que apontavam a existência de telefonemas e ao menos uma reunião presencial entre Moraes e Galípolo, nas quais teriam sido discutidos temas financeiros sensíveis, incluindo questões relacionadas ao Banco Master e a um escritório de advocacia ligado à família do ministro. As revelações provocaram questionamentos no meio político e jurídico sobre eventual conflito de interesses.

Segundo Moraes, os encontros citados integraram uma série de reuniões realizadas com dirigentes de instituições financeiras públicas e privadas para discutir os impactos da Lei Magnitsky no sistema bancário brasileiro. A legislação prevê sanções internacionais que podem resultar em bloqueios de contas, restrições a transações financeiras e interrupção de serviços essenciais, o que, segundo o ministro, exigiu diálogo imediato com autoridades monetárias e representantes do setor.
Na nota, o ministro sustenta que as conversas abordaram exclusivamente riscos operacionais, como a continuidade de movimentações bancárias, uso de cartões de crédito e débito e manutenção de contas correntes. Moraes afirma que não houve discussão sobre contratos privados, interesses empresariais específicos ou qualquer tema de natureza pessoal.
Apesar da explicação, o episódio ampliou o debate sobre a relação entre membros do Judiciário e agentes do sistema financeiro, especialmente em um momento de forte exposição política do Supremo. As informações sobre supostos vínculos indiretos entre o escritório ligado à família de Moraes e instituições financeiras passaram a ser exploradas em análises políticas e comentários públicos, alimentando cobranças por maior transparência.
O ministro, porém, sustenta que todas as agendas foram institucionais e motivadas por preocupações concretas com o funcionamento do sistema financeiro diante de sanções internacionais, afastando qualquer irregularidade em sua conduta.
Pressão sobre o Supremo
O esclarecimento de Moraes ocorre em meio a uma ofensiva política e midiática mais ampla contra o STF. Nos bastidores, a avaliação é de que o episódio vem sendo utilizado para fragilizar a imagem da Corte e alimentar discursos que defendem investigações ou até pedidos de impeachment de ministros. Embora não haja, até o momento, indícios formais de ilegalidade, o caso reforça a tensão entre Judiciário, sistema financeiro e atores políticos, num cenário em que decisões do Supremo têm impacto direto sobre o equilíbrio institucional e o ambiente pré-eleitoral.




