Paciente sofreu parada cardíaca durante procedimento em clínica de Limeira que operava sem licença
Uma mulher de 35 anos está em estado grave após se submeter a cirurgias plásticas em uma clínica particular de Limeira, no interior de São Paulo. O caso é investigado pela Polícia Civil, enquanto a família denuncia falhas no atendimento médico, contradições em informações oficiais e ausência de suporte após a cirurgia.

Eliete Regina de Aquino, moradora de Iracemápolis, realizou uma abdominoplastia e uma lipoaspiração na coxa no dia 14 de novembro, em uma unidade conhecida como Hospital da Plástica. Segundo familiares, ela pagou mais de R$ 25 mil pelos procedimentos, valor obtido por meio de consórcio. O objetivo era realizar um sonho antigo, interrompido de forma abrupta durante o ato cirúrgico.
Registros da própria clínica indicam que a cirurgia teve início por volta das 8h e seguia sem intercorrências até o meio-dia, quando Eliete sofreu uma parada cardíaca dentro do centro cirúrgico. Ela foi reanimada no local e transferida cerca de duas horas depois para outro hospital particular, em uma UTI móvel. No boletim de ocorrência, a família afirma que a paciente foi removida sem estar entubada e aponta divergências entre o relato do cirurgião e os documentos da clínica.
Após a transferência, Eliete permaneceu internada até o dia 5 de dezembro. Nesse período, passou por cirurgia cerebral e apresentou complicações pulmonares. Posteriormente, foi levada para a Santa Casa de Limeira, já com sequelas neurológicas graves. Relatório médico aponta que a reversão do quadro é improvável a curto e médio prazo.
Atualmente, Eliete está em casa, sob cuidados da família. Ela não fala, não se movimenta e apresenta espasmos neurológicos frequentes. Segundo parentes, desde a alta hospitalar a clínica onde a cirurgia foi realizada não oferece qualquer tipo de acompanhamento ou suporte médico.
Eliete trabalhava como balconista em uma lanchonete de Iracemápolis e é mãe de três filhos. A mãe da paciente, Maria do Carmo da Silva, afirma que a família busca respostas e responsabilização. A irmã, Fabiana Aparecida Aquino, relata que ainda há dúvidas sobre o que de fato ocorreu dentro da sala cirúrgica.
A Polícia Civil instaurou inquérito e deve ouvir nos próximos dias os profissionais envolvidos no procedimento. A Prefeitura de Limeira informou que a clínica não possui licença para funcionamento regular e será formalmente notificada.
Procurada, a clínica afirmou, por meio de nota, que não comenta nem confirma informações sobre pacientes ou procedimentos, alegando sigilo profissional e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.




