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sexta-feira, dezembro 26, 2025
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Cientista de Illinois testa nova terapia para doença falciforme

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As crises de dor extrema resultantes dos processos infecciosos da anemia falciforme, especialmente em crianças, motivaram há mais de 20 anos o cientista sino-americano Lewis Hsu a pesquisar a cura para a doença. Reconhecido mundialmente pelas pesquisas de ponta na área, o hematologista e pediatra do Centro Médico da Universidade de Illinois está no Hemocentro da Unicamp testando experimentos com células-tronco. Ele busca uma nova terapia para a doença falciforme, capaz de amenizar os processos dolorosos provocados pelo bloqueio do fluxo sanguíneo e pela falta de oxigenação nos tecidos dos doentes. “É uma dor terrível. Os pacientes relatam que numa escala de 0 a 10 as dores têm grau 10. Elas são mais fortes do que a de uma fratura óssea”, sensibiliza-se.

Nos laboratórios do Hemocentro, Lewis Hsu está desenvolvendo experimentações em camundongos com determinadas célula-tronco – as Células Estaminais Mesenquimais (Mesenchymal Stem Cells- MSC). A esperança, segundo ele, é usar esse tipo de célula no tratamento de humanos, deixando o processo infeccioso em níveis mais aceitáveis. “Elas são células muito interessantes. Foram descobertas há apenas cinco anos e podem ajudar nos casos de inflamações agudas. Esta é a razão porque eu estou interessado. Nos casos do traço falciforme, inflamações simples podem ficar fora de controle, especialmente nos pulmões porque doenças respiratórias são transmitidas facilmente”, revelou.

O objetivo, de acordo com ele, é somar esforços entre as pesquisas clínicas realizadas em Illinois e os estudos laboratoriais desenvolvidos na Unicamp. Descobertas recentes de cientistas do Hemocentro sobre a anemia falciforme vêm repercutindo mundialmente. Pesquisas lideradas pelos professores Fernando Ferreira Costa, Sara Terezinha Saad e Nicola Conran Zorzetto têm suscitado publicações de artigos em periódicos internacionais, prêmios em congressos nacionais e internacionais e depósito de patente. “A colaboração que temos é entre pares e não entre os Estados Unidos e o Brasil. Nós conversamos no mesmo nível. Muitas coisas que estão sendo feitas aqui são melhores que nos Estados Unidos. É uma colaboração entre ‘iguais’”, frisou Lewis.

Fernando Costa: ‘É uma nova ideia que estamos testando aqui no Hemocentro num estudo multidisciplinar de caráter internacional O Hemocentro da Unicamp desenvolve já há muito tempo pesquisas colaborativas de âmbito internacional, observou o professor e reitor da Unicamp, Fernando Ferreira Costa. “Entre as anemias hereditárias, uma muito importante é a anemia falciforme. O professor Lewis é conhecido internacionalmente pelos estudos com este tipo de anemia e nós estamos trabalhando em estreita colaboração. É uma nova ideia que estamos testando aqui no Hemocentro num estudo multidisciplinar de caráter internacional. E a esperança é que resulte em uma nova terapia para humanos”, explicou Fernando Costa.

O primeiro contato entre os cientistas da Unicamp e o pesquisador de Illinois aconteceu há cerca de 5 anos durante um congresso internacional, lembra Lewis. A partir de então, a troca de informações e as várias visitas ao Brasil culminaram com o convite para um projeto na Unicamp. Pelo acordo, Lewis deve ficar nos laboratórios do Hemocentro por duas semanas, até o final de janeiro. Mas ele já avisa que as pesquisas não param após sua ida e que espera voltar repetidas vezes.

Segundo o cientista, é importante concentrar esforços para que as pesquisas desenvolvidas no Brasil e na Unicamp – muitas vezes de modo pioneiro – sejam divulgadas nos EUA e outros países para que haja uma rede de colaboração internacional sobre o tema. Doença genética e hereditária, a anemia falciforme acomete milhares de pessoas por todo o mundo, principalmente a população de origem africana.

A doença é provocada por uma alteração genética na hemoglobina que leva à deformação das hemácias (glóbulos vermelhos) dando a elas a forma de foice ou meia-lua após a redução na quantidade de oxigênio. Por isso o nome falciforme. “A doença atinge em escala maior a população mais pobre. Nos Estados Unidos, por exemplo, os afro-americanos e latino-americanos são os mais atingidos, justamente aqueles que não têm muita força política e nem muito dinheiro. Então, pressões políticas por pesquisas científicas nesta área são mais raras”, critica.

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