Depois de iniciar a temporada 2012 com uma apresentação na Câmara Municipal de Campinas na última semana, a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC) volta a se apresentar nesta sexta-feira e no sábado, dias 20 e 21 de abril, no auditório da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Na sexta-feira, o concerto começa às 20h e no dia seguinte às 16h. Os ingressos serão distribuídos gratuitamente uma hora antes do início da apresentação da OSMC na entrada do próprio auditório. O concerto celebra uma nova parceria entre a OSMC e o Instituto Médico da Unicamp, que prevê, ainda, mais uma apresentação, nestes dias 11 e 12 de maio. A regência será do maestro Victor Hugo Toro.
O programa inicia com a “Abertura Leonora” da Ópera Fidélio, do compositor alemão Ludwig Van Beethoven. Segue-se com a peça “Ballet Suite“, do italiano Jean-Baptiste Lully e revisado pelo compositor austríaco Felix Mottl, no final do século 19. O movimento final será com a Sinfonia nº 1 em Si Bemol, Op. 38 – Primavera, do alemão Robert Schumann. O auditório da Faculdade de Ciências Médicas fica na Rua Tessália Viera de Camargo, número 126, no Distrito Barão Geraldo, na Cidade Universitária, dentro da Unicamp.
Depois desta apresentação, a Sinfônica já tem agendado concerto para o próximo dia 27, quando fará apresentação na Casa de Portugal. Em maio, nos dias 11 e 12, a volta ao mesmo espaço na Unicamp para apresentação em comemoração ao Dia das Mães.
Programa
Ludwig Van Beethoven – Leonore Overture, No. 3, op. 72B
A ópera é um dos poucos gêneros musicais ao qual Beethoven se arriscou pouco. A única foi Fidélio, cuja composição foi iniciada após a Sinfonia n° 3 (obra revolucionária e considerada a ponte entre o classicismo de suas primeiras obras, como as Sinfonias n° 1 e 2, e o romantismo que dava seus primeiros passos).
A composição teve como inspiração uma peça teatral de Pierre Gaveaux, escrita em 1798 com o nome Léonore ou L’amour conjugal, cujo enredo se passa na época da França revolucionária. Leonora era esposa de Florestan, um prisioneiro político. Para salvá-lo ela se traveste em homem, nomeia-se Fidélio, e consegue resgatar o marido da prisão.
Beethoven revisou a obra após a invasão de Viena pelos franceses em 1805. Mas só obteve sucesso após uma terceira revisão em 1814. Neste processo foram escritas quatro aberturas para a ópera, todas com o nome Leonora. O tema do sofrimento imerecido e o final heróico estavam em voga neste período, mas a ópera ficou mais conhecida por essas aberturas, sendo a primeira delas, que esteve desaparecida por muitos anos, a menos executada atualmente. Para a primeira apresentação da ópera em 1805, Beethoven providenciou uma nova abertura, a Leonora n° 2.
Quando a ópera foi reapresentada em 1806, ela havia sido reestruturada e uma nova abertura foi integrada a ela, a Leonora n° 3. Esta é a mais popular de todas, mas considerada muito longa e densa, quase um poema sinfônico. Ela foi retrabalhada para uma nova montagem em 1814, surgindo então a Leonora n° 3b. As duas versões de número 3 adquiriram vida própria e tornaram-se peças frequentes em concertos sinfônicos.
Jean-Baptiste Lully e Felix Mottl – Ballet Suite
De origem italiana, Lully brilhou na corte francesa de Luís XIV. Foi levado para Paris aos 14 anos pelo Duque de Guise e iniciou sua atividade profissional como cozinheiro da Grande Demoiselle (Anne Marie Louise d’Orléans, neta de Henrique IV e prima-irmã do Rei Luís XIV). Mas não ficou muito tempo nesta função, devido às suas qualidades como bailarino e violinista. Entrou na orquestra de sua patroa, mas caiu em desgraça ao satirizar musicalmente a filha da aristocrata.
Aproximou-se do rei e continuou sua ascensão na carreira musical, chegando a servi-lo, a partir de 1661, como “compositor instrumental do rei”, “superintendente da música” e “mestre de música da família real”. Chegou a ter tal destaque, que Luís XIV, o rei-sol, concedeu-lhe exclusividade sobre a composição de óperas no reino francês.
Lully teve um importante papel na história da música ao criar ou estabelecer gêneros diversos como a Comédie-Ballet, a Tragédie Lyrique (em colaboração com Quinault), a Abertura Francesa, recriada por diversos compositores, bem como suas suítes instrumentais.
No final século 19 a obra de Lully foi revisitada por Felix Mottl, um dos mais destacados regentes de seu tempo. Além da intensa atividade como regente, em especial na interpretação das obras de Richard Wagner, atuou também como compositor, com destaque para três óperas, um quarteto de cordas, um ciclo de canções e um considerável número de canções para canto e piano. Entretanto, ficou mais conhecido pelas orquestrações de obras para piano e pelos arranjos orquestrais de peças diversas, como é o caso de Ballet-Suite.
Cerca de duzentos anos depois da morte do compositor da corte de Luís XIV, Mottl escolheu algumas peças para balé deste compositor, arranjou-as para uma orquestra do século 19 e agrupou-as em uma suíte, daí o nome Ballet Suite. Trata-se, portanto, de uma releitura feita no século 19, de obras compostas no século 17. A peça é dividida em quatro partes: Introdução: Allegro; Noturno, Minueto e Prelúdio: Les vents – Marche
Robert Schumann – Sinfonia nº 1 em Si Bemol, Op. 38 – Primavera
Até seu casamento com Clara Wieck, em 1840, Schumann dedicava-se apenas à composição de peças para piano, mas com o apoio da esposa, também compositora e pianista, começou a se aventurar pelo campo da composição sinfônica.
A Sinfonia n° 1 estreou em janeiro de 1841 em Leipzig, sob a regência de Felix Mendelssohn, com grande aclamação. A Primeira Sinfonia foi escrita em poucos dias e estreou nesse mesmo ano em Leipzig, sob a regência de Felix Mendelssohn.
O subtítulo Primavera é do compositor, talvez influenciado pelo momento feliz que vivia após seu casamento no ano anterior. Até então só havia escrito peças para piano e, com o apoio da esposa, escreveu sua primeira sinfonia, cujo sucesso encorajou-o a continuar com outros projetos orquestrais.




