O jovem arquiteto Otto Félix, 32, assina a fachada do teatro. Em entrevista ao JL, ele contou como foi o processo de criação. “A fachada está toda baseada na história de Campinas. Com recursos limitados para fazer o desenvolvimento do projeto, tivemos que ser bem conceitual”, pontuou.
Ele foi buscar na própria historia da cidade, do teatro, a localização e o entorno os conceitos para desenvolver uma arquitetura que tivesse haver com a cidade em si. “Campinas tem vários problemas do ponto de vista arquitetônico, um deles é a divisão territorial, com a barreira física da Fepasa, dividindo Vila Industrial e outros bairros”. O projeto procura unir estes dois lados, fazendo uma ligação emocional e intelectual e promovendo a cultura.
O resultado foi a ilustração da malha urbana de Campinas estampada na fachada, usando alguns simbolismos, como a luz e a sombra, comédia e trama. “A questão da dualidade é evidente no traçado da fachada”, destaca.
O prédio administrativo, anexo ao teatro onde estão localizadas as salas de aulas dos músicos, também foram recriadas pelo arquiteto, com aberturas e saliências, com medidas de 80 por 80cm em formato de cubos. “A idéia dos cubos é espalhar os cubos nas praças, para minimizar a barreira social, cultural e física”, disse.
Os cubos assim que forem espalhados pela cidade poderão sofrer intervenções. Para Félix, é natural que aconteça. “Os cubos funcionam como voz da sociedade, será um equipamento urbano e devem sofrer manifestações. Serão bem vindas. “Propomos que entre no calendário anual de artes na cidade, com a participação de artistas .
Felix disse que está à disposição da administração pública e tem interesse em auxiliar nos projeto desde que tenha compromisso na execução.
Questionado sobre a repercussão do projeto da fachada, Félix disse que foi muito bem recebida. “As críticas têm sido positivas ao engajamento social que a fachada do teatro proponhe. Recebi apenas um email de um cidadão questionando o motivo da fachada. Acredito que ele estava imaginando algo neoclássico. Escrevi para ele que não caberei, porque não era um prédio histórico , mas sim um cinema antigo que pegou fogo. O valor é de pertencer a cidade num momento histórico. Apesar de ter a força de ícone.”, explicou.
O arquiteto tem desenvolvido projetos, principalmente comerciais e coorporativos, de lojas, franquias, prédios e fachada. “Acabo de entregar um projeto de fachada para um prédio na China. Como também tenho formação em Marketing acabo sendo procurado pelas grandes corporações para adequar a arquitetura ao mercado e público alvo.
Teatro Castro Mendes será
entregue no fim de novembro
A secretária de Cultura, Renata Sunega, e de Infraestrutura, Dirceu Pereira Júnior, anunciaram esta semana que o prazo de entrega do Teatro Castro Mendes, totalmente reformado, será no próximo dia 30 de novembro. A confirmação da data veio depois de testes acústicos e vistoria.
As etapas importantes do trabalho já estão concluídas ou em fase final e que na semana que vem as novidades aparecerão, inclusive, na fachada do prédio, segundo a secretária.
“O palco está pronto e com o piso coberto para proteção. Nos camarins, faltam apenas os espelhos. Os sanitários estão praticamente terminados e os equipamentos de som e luz já estão instalados”, detalha Renata. Ela também informou que na próxima semana será concluída a colocação dos painéis da fachada e, em seguida, começa a pintura.
O ritmo acelerado das obras é endossado pelo secretário de Infraestrutura: “temos 30 pessoas trabalhando no teatro e a fase, agora, é mesmo de acabamento, faltam apenas detalhes”, reforçou Pereira Júnior.
Obras
Iniciada em julho de 2010, a reforma do Castro Mendes foi paralisada devido a pendências jurídicas e financeiras encontradas no contrato que havia sido assinado na época. Os trabalhos só foram retomados em junho deste ano, após assinatura de um aditivo de R$ 2,96 milhões que, somados ao valor inicial de R$ 7,43 milhões, fizeram com que o valor da obra chegasse a R$ 10,4 milhões.
O prazo previsto inicialmente para entrega, de 12 meses após a retomada, precisou ser prorrogado porque, à medida que a obra avançava, foi detectada a necessidade de serviços complementares. Até que o aditivo fosse assinado, a reforma continuou de forma lenta e somente a partir de junho o ritmo dos trabalhos foi acelerado.
Entre outros, o saldo devedor de cerca de R$ 1,8 milhão está cobrindo ações como revestimento acústico, acabamento e revestimento dos banheiros e da fachada do prédio. Também estão computados ao valor a implantação do piso de madeira na área da plateia e colocação de forro de gesso.
Para tornar o prédio do teatro adequado à sua importância para a cidade e apto a receber grandes espetáculos foi necessário proceder a uma reforma completa das dependências. A sala de espetáculos (parte inferior e superior) terá a capacidade de 755 lugares e contará com o apoio de sete camarins individuais, dois coletivos e grandes bastidores. A estrutura proporcionará conforto e boas condições de movimentação aos artistas que se apresentarem no teatro.
O teatro conta ainda com uma sala pequena e três salas grandes salas para ensaios. Dessa forma, o local poderá receber estas produções intimistas até espetáculos de grandes proporções. (CK)




