Francisco Barreto Leme do Prado, o fundador de Campinas, nasceu na Vila de Taubaté em 1704. Pertencente a tradicional família paulista, era o 7º filho de Pedro Leme do Prado e Francisca de Arruda Cabral.
Casou-se em 1730 com Rosa Maria de Gusmão, da estirpe dos Garcias Velhos. Ao se espalhar a notícia da existência das boas terras, transportou-se com sua família para essas paragens, entre 1730 e 1839, dando início neste ano, ao que parece, à povoação que se chamou Campinas.
Faleceu aos 78 anos, sendo sepultado, aos nove de abril de 1782, deixando muitos filhos.
Em 21 de dezembro de 1864, em comemoração dos benefícios de que esta povoação é devedora de seu fundador Francisco Barreto Leme, e para perpertuar a memória do mesmo, se deu, à primeira rua nova que se formou em virtude do reconhecimento, pelo poder competente, ao pleno domínio da Câmara no terreno, seu nome: Barreto Leme.
A rua da matriz velha, em junho de 1866, deveria ser uma continuidade da ponta do mercado, com parede de pedras e tijolos. Indicava que, em atuação em memória do fundador, a rua conhecida atrás da matriz passasse a se chamar rua do Barreto Leme.
Em 12 de janeiro de 1869, Dr. Rodrigo Cândido de Camargo conseguiu a aprovação da lei que enviara, no ano anterior, e assim ficou a rua Barreto Leme.
Pedro Álvares Cabral e o clã dos Leme?
A mãe de Barreto Leme, Francisca de Arruda Cabral, é neta do capitão Manuel da Costa Cabral, descendente da família que se estabeleceu na Ilha da Madeira.
O trisavô de Pedro Álvares era Álvaro Gil Cabral, um dos fiéis escudeiros do rei na batalha de Aljubarrota, em 1385, e responsável pela proteção do Castelo de Belo Monte ou Belmonte, suntuosa edificação iniciada pelo rei Dom Diniz, mas que demorou anos para ser concluída. Foi em função dessas ações de Álvaro Gil Cabral que ele acabou se tornando o governador de Belmonte.
Um filho de Álvaro Gil e bisavô de Pedro Álvares, Luís Álvares Cabral, também lutou em Aljubarrota e foi escudeiro do rei Dom João I e fiscal de finanças da casa do Infante Dom Henrique, ao lado do qual participou da tomada de Celta, em 1415.
Filho de Luis Álvares, Fernão Álvares Cabral foi considerado um dos heróis da tomada de Celta, no Marrocos, tornando-se guarda-mor do Infante Dom Henrique e teve dois filhos: Diogo e Fernão. Diogo Cabral foi morar em Madeira, onde casou-se com Beatriz Gonçalves da Câmara, filha de João Gonçalves Zarco, o descobridor da Ilha, em 1419, e responsável pela construção da igreja de Santa Maria da Estrela, uma das mais belas capelas da Ilha da Madeira, na vila de Calheta.
O irmão de Diogo, o segundo Senhor Fernão Álvares Cabral, era o senhor de Belmonte e se casou com Isabel Gouveia, de uma das famílias mais ricas de Portugal. O casal teve sete filhos. O segundo filho era Pedro Álvares Cabral, que também se casaria com uma mulher rica, Isabel de Castro.
O capitão Manuel da Costa Cabral, bisavô de Francisco Barreto Leme, era descendente do ramo dos Cabral que se estabeleceu em Madeira e outras Ilhas descobertas por Portugal na Costa da África. Ao fundar Campinas, por determinação do Morgado de Mateus, Barreto Leme seguia, assim, a tradição da família Cabral, de ser também, ao lado dos Leme, uma das principais protagonistas da expansão portuguesa nos séculos XV e XVI.
Barreto Leme
Data: