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quinta-feira, junho 26, 2025

África do Sul adota modelo de organização democrático da Copa

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Depois de conhecer a estrutura de organização da Copa da Alemanha, o deputado Silvio Torres foi conhecer de perto o trabalho de organização dos jogos mundiais da África de Sul, acompanhado dos deputados Rômulo Gouveia e Paulo Rattes, também da Comissão de Fiscalização e do Senador Cícero Lucena, da Comissão de Fiscalização do Senado Federal. Entre os dias 26 e 30 de outubro, tiverem a oportunidade de se reunir com responsáveis pela organização do mundial do país e autoridades políticas. Também foram conhecer alguns estádios que sediarão os jogos da Copa de 2016.

Pelo que Torres pode avaliar, a África do Sul implantou um modelo democrático para gerenciar a organização da Copa de 2010, pois o Comitê Organizador local é integrado por representantes de toda a sociedade. “O Comitê é composto por 25 membros. É uma empresa sem fins lucrativos que se dissolverá em dezembro de 2010. Esses membros representam a SAFA – Federação Sulafricana de Futebol, o Governo Federal, a iniciativa privada, as centrais sindicais e as cidades-sedes. Além disso, foram criados, em cada uma das cidades-sedes, comitês com o mesmo formato, para garantir total transparência dos gastos públicos”, afirmou o deputado.

Esse modelo de transparência foi imprescindível porque, como os integrantes da comitiva apuraram, o governo bancou praticamente sozinho, contando com algumas parcerias efetuadas com os municípios e províncias sul-africanas, todas as obras de infraestrutura para a realização da competição, incluindo investimentos em reforma e construção de estádios, saúde e segurança pública.

O governo e a sociedade sul-africana, disse o deputado Sílvio Torres, cultivam uma grande expectativa de que o evento garanta crescimento socioeconômico ao país, que convive, atualmente, com taxas de desemprego superiores a 20%, concentradas, especialmente, entre a população negra e nas áreas rurais.
Recursos da FIFA
 
Para viabilizar os trabalhos de organização da Copa, a FIFA repassará  ao COL – Comitê Organizador Local, até setembro de 2010, verba no valor de U$ 423 milhões de dólares para despesas de marketing, seguros, mídia, ações junto à sociedade, viagens, estadas, congresso da FIFA, pagamento de árbitros e salários dos integrantes do comitê. A informação foi dada aos membros da comitiva pelo presidente do COL sul-africano, Danny Joordan. A mesma quantia será recebida pelo Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de Futebol do Brasil, que será realizada em 2014, cujo presidente é o mesmo da CBF, Ricardo Teixeira.
 
Durante o encontro com Danny Joordan, o presidente do COL sul-africano deixou claro para os integrantes da comitiva brasileira que apesar de a FIFA estar sendo extremamente exigente com a África do Sul, porque outros países do continente disputaram o direito de sediar o evento, existe espaço para negociar os compromissos constantes do Acordo da Candidatura. Segundo o deputado Sílvio Torres, no entanto, as visitas às obras dos estádios de Johanesburgo e de Pretória deixaram claro que o cronograma desenvolve-se em ritmo normal e que os prazos fixados pela FIFA serão cumpridos.
 
O principal estádio da Copa da África do Sul, o Soccer City Stadium, localizado em Johanesburgo, que receberá os jogos, inaugural e final, da Copa de 2010, estará pronto no mês que vem.  O custo girará em torno de U$ 400 milhões. A previsão inicial era de U$ 300 milhões. As obras nos demais estádios também estão em ritmo adequado. “O grande problema será pós-Copa, porque os estádios, que na realidade são arenas multiuso, vão, fatalmente, transformar-se em elefantes brancos, porque na média, o conjunto da sociedade sul-africana não dispõe de renda suficiente para garantir sustentabilidade aos estádios”, avalia Torres.

As obras no Soccer City Stadium chegaram a empregar 3.500 pessoas. Atualmente, 2.600 trabalhadores realizam jornada de 10 horas/dia. Dentro do estádio, 15 vagas Vips para a FIFA. O estacionamento para carros ficará nos arredores dele. Haverá estações de ônibus e trens para servir ao público que freqüentará os jogos da Copa 2010. Após o Mundial, a previsão é de que uma empresa de gestão terá direito de explorar o estádio. Ele fica localizado no histórico bairro de Soweto, habitado por parte da população mais carente da África do Sul.

Como o mercado consumidor de futebol é constituído majoritariamente pelo segmento mais pobre da população, a FIFA, para assegurar a presença dos torcedores locais às partidas da Copa, estabeleceu que uma cota dos ingressos, de aproximadamente 20% do total, será vendida a preços populares, a ser, ainda, definido. “O que se pretende”, informou o deputado Sílvio Torres, “é evitar que os estádios sejam freqüentados apenas pelos turistas internacionais”.
 
Controle e incentivos
 
A comitiva parlamentar brasileira reuniu-se, também, com o responsável pelo acompanhamento dos investimentos para a organização da Copa de 2010. Ex-vice-ministro da Finança do governo sul-africano no período 2004/2008, Jatsu Moleketi representa o setor privado no Comitê Organizador Local. Ele explicou aos parlamentares que foi elaborada uma matriz de responsabilidade e definido o papel de cada segmento, que tem a responsabilidade de prestar contas ao Ministro dos Esportes, coordenador de um grupo interministerial para a Copa, criado pelo governo, que é integrado por representantes de todos os todos os ministérios.
 
“Houve rigor para evitar gastos exagerados ou superfaturados com as obras de infraestrutura e dos estádios, e inclusive o superdimensionamento para atender fins políticos” explicou o deputado Sílvio Torres. “Entre outras medidas de controle, Moleketi sugere que sejam definidos que os contratos de logo prazo assinados com empreiteiras e empresas fornecedoras de equipamentos e serviços sejam celebrados com clausula fixa, sem reajuste, desde o inicio”, informou o presidente da CFFC.
 
Como 80% dos sul-africanos são pessoas carentes, foi elaborada uma política de ações inclusivas voltada, especialmente, para as comunidades negras. Empresas sul-africanas recebem incentivos fiscais para incluir representantes da raça em cargos de chefia. Além disso, as micro e pequenas empresas são favorecidas em compras e contratos com o governo. 
 
Infraestrutura e segurança
 
Em relação às obras de infraestrutura, Sílvio Torres acredita que os investimentos, que estão sendo realizados em sua totalidade pelo governo sul-africano, vão atender os compromissos assumidos com a FIFA. Ainda assim, o deputado observou que não vão solucionar os problemas de transporte público e de mobilidade urbana do país. “Em Johanesburgo e Pretória, 95% do transporte é realizado por vans, que não são  regulamentadas”, observou Torres.
 
Para assegurar agilidade às delegações e aos turistas durante a Copa de 2010, foi implantado em Johanesburgo, recentemente, um corredor exclusivo de ônibus, semelhante ao  existente em Curitiba, no Paraná. O  deputado contou, porém, que a máfia que domina as vans está boicotando o sistema. E o governo, em virtude desse fato, enfrenta dificuldades para expandir a oferta de transporte público por ônibus. “Por isso, há poucas linhas trafegando nos corredores exclusivos. Durante a Copa, contudo, será disponibilizado, para delegações e turistas, um esquema especial de transporte”, informou.

O transporte por trem nas duas cidades também é insuficiente.

Quanto à segurança pública, os congressistas brasileiros observaram preocupação em relação ao tema por parte do Comitê Organizador Local e do Comitê Organizador de Johanesburgo. “Em virtude da alta taxa de desemprego, de 23%, que incide basicamente sobre a população negra, as cidades são consideradas pelas próprias autoridades sul-africanas inseguras para os turistas. inclusive, aconselhados a não circular em algumas de suas regiões, até mesmo durante o dia”, contou Sílvio Torres.

Já a prefeita de Tshwane, capital da Pretória, doutora G.M. Ramokgopa, esta animada com os resultados e aposta no legado significativo para a população.

Futebol, apartheid e Brasil
 
O futebol na África do Sul é um esporte de pobre, praticado principalmente por negros, enquanto o rugby é o esporte da classe média, dispondo de mais recursos para incentivar a modalidade. A quase totalidade dos clubes sul-africanos são empresas e paga salários de, no máximo, U$ 20 mil por mês, teto de mercado fixado pelos dirigentes esportivos. Sobre esses valores o governo retém 40% dos impostos.

Em relação à Copa, há uma grande preocupação com o desempenho da seleção, porque o nível do futebol sul-africano é médio. As atuais esperanças da população estão depositadas no retorno do técnico Carlos Alberto Parreira ao comando da equipe.
 
Em Pretória, o deputado Sílvio Torres encontrou-se com um dos nove jogadores brasileiros que atuam em clubes sul-africanos. Vinícius, de 22 anos, nascido em Pindamonhangaba (SP), saiu do Volta Redonda, time do interior do Estado do Rio de Janeiro, para jogar na África do Sul. Com salário em torno de U$ 5 mil por mês, o jogador, no momento, está contundido. Apesar de dizer-se satisfeito com a vida na África do Sul, pretende voltar ao Brasil.

Sobre a relação entre negros e brancos, Vinícius expressou opinião de que o apartheid ainda remanesce, o que foi confirmado aos parlamentares por um guia negro sul-africano. Segundo o jogador brasileiro, que no mesmo vestiário os brancos sentam de um lado, e os negros do outro. Já os brasileiros, por relacionarem-se com os dois grupos, procuraram não “viver” essa diferença que é histórica e que, apesar dos esforços de Nelson Mandela, ainda se mantém, mesmo de maneira não declarada abertamente. Vinícius explicou que as resistências são cultivadas, ainda, tanto por brancos quanto por negros.
 
Cereja do bolo da Copa de 2010 para o sul-africano, a seleção brasileira está sendo disputada por todas as cidades-sedes.  A prefeita da capital da Pretória, quando recebeu a visita do ministro do Turismo, Luiz Barreto, pediu-lhe apoio à pretensão de hospedar o time Kaká, Robinho e Júlio César. O ministro apresentou a proposta ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que condicionou a possibilidade ao sorteio das chaves.
 

Papel da Comissão

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) esta empenhada em acompanhar efetivamente a aplicação dos recursos públicos com o Mundial de Futebol que será realizado no Brasil em 2014.  Para isso, o presidente da CFFC, deputado federal Silvio Torres, tem buscado experiências em países envolvidos em eventos semelhantes para que o Brasil cumpra o cronograma exigido pela FIFA, mas não exagere na aplicação de recursos públicos para que a sociedade não pague por possíveis desmandos. Tem a proposta principal de não deixar que o Brasil seja vítima, mais uma vez, de superfaturamento das obras, como aconteceu por ocasião dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro em 2007. Na ocasião, a diferença entre o valor orçado e o efetivamente gasto, foi 10 vezes maior. Passou de R$ 400 milhões para cerca de R$ 4 bilhões.logo_copa

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