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quinta-feira, setembro 19, 2024

Deputado Luciano Zica dá entrevista

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Há aproximadamente três meses os brasileiros vêm acompanhando pela mídia em geral o desenrolar de uma história que começou com a denúncia feita pelo ex-deputado Roberto Jefferson que denunciou a existência do mensalão – uma mensalidade que era paga a alguns deputados do Congresso Nacional para que eles votassem seguindo a orientação do bloco do governo. A imprensa brasileira está desempenhando sua função de um modo nunca visto antes, ajudando a sociedade a entender um pouco melhor os acontecimentos para que se possa exigir que a lei seja cumprida.

Para falar sobre esses assuntos, o Jornal Local conversou com o deputado federal Luciano Zica (PT). Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

JL: Se analisarmos a cobertura política que a mídia está fazendo hoje, vemos que ela mostrando muito mais do que em casos anteriores…
Luciano Zica: Eu fui deputado durante seis dos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso e todas as denúncias que agora aparecem, nós apresentamos no governo anterior, com uma dimensão muitas vezes muito maior. Por exemplo, a compra de votos no governo Fernando Henrique Cardoso, que poderia ser equiparada à denúncia do mensalão, é uma coisa conhecida e reconhecida pela imprensa e por nós que atuamos na política de forma muito clara. Por exemplo, nós tivemos a denúncia de compra de votos no caso da emenda da reeleição. Nós não conseguimos investigar. No entanto, dois vendedores de votos tiveram que renunciar para não serem cassados. Se alguém vendeu é porque alguém comprou, não é. E nós não conseguimos ter na imprensa uma dimensão tão grande. Outro dia comentei isso e um jornalista falou ‘é mais naquela época não teve uma denúncia como a do Roberto Jefferson’. Porque naquela época teve uma coisa muito mais forte do que a denúncia do Roberto Jefferson: teve dois deputados que renunciaram ao mandato, antes de ser processados inclusive porque estava provado que tinham vendido. Quer coisa mais contundente do que isso? Então é uma denúncia que houve no passado. Outra situação é o caso do Marcos Valério. Marcos Valério é uma cria do PSDB. Ele, se você pegar as eleições de 92, ele já se envolveu com as campanhas do PSDB, em Minas Gerais. Só para você ter uma idéia, em 96 o Tarcísio Delgado foi eleito prefeito de Juiz de Fora pelo PMDB. Ele já assumiu a Prefeitura e ficou um ano com a administração comprometida por conta de uma dívida do prefeito do PSDB com a agência do Marcos Valério. Depois, nós tivemos em 98, um empréstimo feito pelo Marcos Valério junto ao banco BMG, de Belo Horizonte, de nove milhões de reais para a reeleição do Eduardo Azeredo, que é hoje o presidente do PSDB e confessou isso outro dia. Esse esquema é um esquema antigo, vindo do governo anterior, o que não diminui a responsabilidade do PT porque, na verdade, nós nascemos e crescemos combatendo isso.

JL: E por quê que o Lula não sabia desse esquema?
Luciano Zica: Há duas dimensões diferentes do saber. Quanto ao nível de conhecimento do Lula sobre o problema, eu não posso afirmar que o presidente da república, seja ele quem for, desconheça que as alianças políticas se dêem da forma como se deram. Eu acredito o seguinte: que o Lula sabia sim dos acordos com o PL, por exemplo, de divisão de contas de campanha. Eu estaria chamando o Lula de burro ou de mal informado se eu dissesse que ele não sabia da construção de uma aliança que era sustentada por divisão dos encargos financeiros de campanha. Agora, o que eu tenho convicção completa de que o Lula não sabia é o passo seguinte que foi dado. Que nessa divisão foi organizado um esquema de arrecadação terceirizado no Marcos Valério que ganhou uma dimensão enorme por conta da volúpia desses agentes e aí prova de que o Lula não sabia é que não foi viabilizado o atendimento dos interesses. Se o Lula soubesse e tivesse envolvido, não tinha sentido o Roberto Jefferson ter denunciado – ele diz que denunciou porque não recebeu os 20 milhões. Quer dizer, não seria por 20 milhões que o Lula ia se expor, se ele tivesse envolvido.

JL: O senhor acha o ‘carnaval’ feito em cima desse caso é uma coisa só da mídia ou é da oposição também?
Luciano Zica: Em primeiro lugar, eu não sou adepto da tese de que o PT está sendo vítima de uma armação da elite, mas eu não tenho dúvida de que a elite brasileira se aproveitou dos nossos erros como não se aproveitou dos erros dos governos anteriores. Sem dúvida, há um jogo político. Estamos diante de duas estratégias diferentes: uma a do PFL, que é de cortar cabeça. O PFL quer derrubar o Lula e matar o PT. A do PSDB é de exaurir as energias, é de ‘chupar o sangue do Lula e do PT por canudinho’, acabar com o PT para o Lula em 2006 derrotado. Quem vê o Carlos Sampaio na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) falando de contas de campanha, é brincadeira. Nós que enfrentamos a eleição aqui em Campinas sabemos que em cada campanha eleitoral ele faz, no mínimo, 30 showmícios e gasta muito dinheiro. Já no caso do Severino Cavalcante, quem elegeu o Severino foi o PSDB e o PFL. Basta ver a foto da comemoração. Os mesmos que estavam gritando ‘fora Severino’ são os que comemoraram a vitória do Severino no dia 14 de fevereiro para Presidente da Câmara. Nós tínhamos o melhor candidato e perdemos. Então a oposição está fazendo. um jogo meramente político. Não está interessada em investigar. Até porque se for investigar, vamos pegar muita coisa deles.

JL: Agora, trazendo um pouco para a discussão da imprensa local. O senhor se sentiu de alguma forma prejudicado na última eleição?
Luciano Zica: Na última eleição, você encontrará, se quiser, 10 razões e cada uma delas, isoladamente, pode ter sido a razão para eu não ter sido ao segundo turno. Nós tivemos muitos erros, limitações pessoais minhas, debilidades, dificuldades. Segundo, houve, evidentemente, uma parcialidade muito grande do jornal da cidade contra o PT e contra o governo da Izalene com críticas algumas vezes corretas, mas na maioria delas absolutamente infundadas. E eu acho que fui vítima também de uma manobra da EPTV. A EPTV divulgou uma pesquisa na quinta-feira que me dava subindo de 11 para 15 pontos – era a única candidatura que tinha tido um aumento de quase 40% de uma semana para a outra. No Sábado eles divulgam uma outra pesquisa me dando em queda. Então aquilo provocou uma migração de eleitores meu para o Hélio. Eu saía na rua, meia hora depois da pesquisa, encontrava os possíveis eleitores e eles me diziam ‘eu sei que o senhor é o melhor candidato, seria bom que o senhor ganhasse as eleições, mas você não tem chance, então eu vou votar no Dr. Hélio para alguém disputar o segundo turno contra o Carlão’.

JL: Qual a sua opinião sobre o governo Dr. Hélio?
Luciano Zica: Eu acho que o que o governo Dr. Hélio está fazendo de positivo é o que ficou contratado do governo passado. Ele desmontou o orçamento participativo, desmontou a Secretaria da Cultura – Campinas não tem hoje atividade cultural, a Estação Cultura que era um centro de eventos de Campinas está morta. Então, na verdade, ele não conseguiu fazer uma política razoável para a cidade. Tem uma emenda para reformar o museu da cidade e uma verba de R$200 mil reais para fazer um centro de lazer na região carente do São Marcos que não foi usada até agora. Ele fala que é o governo dos que mais precisam, primeiro os que mais precisam, mas o dinheiro está na Caixa e não foi feito nada até agora. Então é um governo que desestimula. Por exemplo, cada deputado tem uma cota de emendas a apresentar ao orçamento por ano com 600 municípios do Estado disputando. Enquanto você apresenta uma emenda para um município que não usa o dinheiro, você poderia estar apresentando para um outro lugar. Então se ele não mudar, ele vai perder credibilidade junto aos deputados para trazer recursos para a cidade.

JL: Queria que o senhor comentasse sobre a importância dos jornais de bairro que hoje estão ganhando uma dimensão bastante grande dentro da comunidade, muito mais que a grande imprensa.
ito de receber e me dava o direito de receber R$ 1.247.000 reais. Só que a imprensa local e vários outros jornais noticiaram como se eu tivesse recebido, mas eu nunca recebi e tenho certeza que nunca vou receber. Se um seqüestrador lê uma notícia dessa, eu e minha família podemos estar ameaçados. É uma briga dura esta do poder que a imprensa tem de controlar.

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