Um raio-X detalhado do potencial turístico dos distritos de Sousas e Joaquim
Egídio, realizado por 27 alunos do segundo ano do curso de Turismo da
Universidade Paulista (Unip), resultou no Inventário Turístico dos Distritos
de Sousas e Joaquim Egídio.
O trabalho, fruto de uma parceria firmada entre a Secretaria Municipal de
Comércio, Indústria, Serviços e Turismo (SMCIST) e a Unip, vai apoiar a
SMCIST nos projetos de desenvolvimento do turismo nas áreas naturais e na
Área de Proteção Ambiental (APA) – Campinas.
O inventário traz a caracterização geral do local (delimitação da área,
clima, acesso), aspectos históricos, e informações sobre a organização
política e social, demografia, condições de vida (taxas de alfabetização,
escolaridade, atualidade de vida), economia (comércio, indústria e serviços,
agricultura), infra-estrutura (transporte) e saneamento básico.
No inventário turístico, foram elencadas festas populares, eventos
permanentes e locais que poderiam servir para visitação turística, como o
Observatório Municipal Jean Nicolini, bibliotecas, igrejas, praças,
relíquias arquitetônicas, fazendas, sítios e chácaras.
Além disso, há um levantamento de hospedagens, restaurantes, bares, casas
noturnas, bufês, padarias, lanchonetes, cafés e sorveterias, locais para
eventos, agências de viagem, galerias de arte, casas de antigüidades,
supermercados e compras.
O objetivo, segundo Climene Correa Forster Lazzarini, professora que
coordenou o trabalho, era qualificar e quantificar a oferta turística da
região. Os alunos, de acordo com Climene, de março a novembro, visitaram
festas, locais e entrevistaram 500 moradores e turistas nos dois distritos.
As conclusões, na visão da professora, foram que Sousas e Joaquim Egídio têm
potencial turístico enorme. \”É uma área rural bastante próxima de uma região
metropolitana e um local onde ainda se pode ser contato com a terra\”,
afirma.
A variedade da gastronomia também foi um das conclusões do inventário. \”É um
setor cujos os proprietários deveriam investir\”, sugere a professora. Outro
fator apontado pelo trabalho são as múltiplas possibilidades de turismo, que
vão desde o turismo rural até o turismo em áreas naturais. \”As pessoas que
fazem turismo nos dois distritos possuem consciência da importância da
preservação, os moradores gostam do local onde vivem, mas nem todos têm
consciência do que significa viver em uma área de proteção ambiental\”,
destaca, reforçando: \”Campinas tem uma pérola turística, que não deve perder
suas características rurais.\”
Cecília Martini Del Guerra, técnica do Laboratório de Turismo da Unip que
acompanhou parte do trabalho, considera que o inventário será um material de
grande valia para que se possa fazer a divulgação turística do local. \”Tudo
dentro do planejamento turístico, segundo o qual, além de atrair turistas,
deve-se pensar em fazer com que eles permaneçam mais tempo no local\”,
defende.
Potencial
Para o secretário de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo, Sinval
Dorigon, o potencial dos dois distritos é inegável. \”Nosso objetivo na
região é levantar as propriedades com oferta turística para compor roteiros
e dar maior visibilidade a esta oferta\”, afirma. Segundo Dorigon, o
ecoturismo, o turismo rural e o turismo de aventura, além do turismo
histórico-cultural, podem se tornar grandes geradores de emprego e renda
para o município.
O diretor de Turismo da SMCIST, Fernando Vernier, acredita que o enorme
potencial turístico de Sousas e Joaquim Egídio ainda é pouco explorado. \”O
que se nota é que existe na região uma série de ações individuais, isoladas,
voltadas ao turismo. Nosso objetivo é levantar as propriedades com oferta
turística para compor roteiros e dar maior visibilidade a esta oferta\”,
afirma Vernier.
\”Com o levantamento realizado, a Prefeitura terá mais condições de
desenvolver ações turísticas mais direcionadas para a realidade do local e
formatar um produto mais adequado para os turistas e também para os
moradores\”, observa o coordenador do curso de Turismo da Unip-Campinas,
Fábio Pozati, que acrescenta: \”O inventário prova que Sousas e Joaquim
Egídio têm condições de receber turistas e são ótimas oportunidades de
lazer, não só para as pessoas de fora, mas também para o fim de semana de
quem mora em Campinas\”.
Turismo em áreas naturais
O turismo em área naturais, uma das prioridades da atual administração,
aparece em segundo lugar no levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV). Segundo a pesquisa os roteiros de ecoturismo contam com 25,5% da
preferência dos turistas, só perdendo para os destinos com sol e praia
(36%).
No que diz respeito ao ecoturismo, a cerca de 10 km da área central de
Campinas, Sousas e Joaquim Egídio, situados em Área de Proteção Ambiental
(APA), reservam aos visitantes rios, cachoeiras, matas, trilhas, relíquias
arquitetônicas, festas tradicionais, flora, fauna nativas, montanhas e
antigas fazendas de café, além do Observatório Municipal Jean Nicolini.
Ciência e tecnologia
A idéia da Prefeitura, por meio do Departamento de Turismo da SMCIST, é de
que os roteiros turísticos, inclusive os de Sousas e Joaquim Egídio, tenham
alguma ligação com a ciência e a tecnologia, integrando os produtos do
Circuito Turístico de Ciência e Tecnologia (CT²), formado pelos municípios
de Americana, Campinas, Indaiatuba, Jaguariúna, Limeira, Monte Mor, Nova
Odessa, Paulínia, Piracicaba, Santa Bárbara D´Oeste e Sumaré.
\”O turismo em áreas naturais, que envolve o ecoturismo, o turismo de
aventura, o turismo rural e o agroturismo, passa, na maioria das vezes, pelo
viés da ciência e da tecnologia. O produtor rural, por exemplo, pode se
beneficiar da tecnologia para melhorar seu produto\”, explica Vernier.
Sustentabilidade
O desenvolvimento turístico APA-Campinas está dentro dos critérios de
sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. \”Além de explorar os atrativos
naturais da região, como rios, matas, cachoeiras, montanhas, flora e fauna
nativas, também queremos mostrar a trajetória histórica da área, por meio
das fazendas\”, afirma Mirza Pellicciotta, coordenadora de Planejamento e
Informação da Secretaria Municipal de Comércio, Indústria, Serviços e
Turismo (SMCIST).
Para isso, segundo Mirza, o Departamento mantém contato permanente com os
donos de propriedades na região e empresas que tenham os mesmos objetivos.
\”Neste aspecto, as parcerias são fundamentais\”, atesta.