Evento faz parte da 9ª Quarta Cultural do Clube Semanal de Cultura Artística
O escritor Machado de Assis era carioca. O compositor Cartola também. Os dois eram de origem humilde e, apesar da pouca instrução, deixaram um inestimável legado artístico-cultural. Mas os dois têm mais em comum – o ano de 2008 marca o centenário de nascimento de Cartola e de morte de Machado de Assis. A coincidência será o tema central da exposição Paredes que o premiado artista plástico e cartunista Paulo Branco inaugurará no dia 22 de outubro, às 20h, na sede social do Clube Semanal de Cultura Artística, em Campinas, São Paulo (Rua Irmã Serafina, 937, Centro). Para embalar o evento, que faz parte do projeto Quarta Cultural, o grupo campineiro Cartola Sempre relembrará sucessos de Cartola e o ator Carlos Gontijo fará a leitura de um trecho do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis.
A exposição Paredes lembrará das características em comum desses dois brasileiros. O pai de Machado de Assis trabalhava como pintor de paredes, e Cartola também. “Paredes porque tanto Machado quanto Cartola conseguiram ultrapassar este obstáculo; esta barreira que é a condição social desfavorável e se tornaram essas duas personalidades”, explica o artista.
Os trabalhos inéditos representarão como seria se o compositor e o escritor tivessem se conhecido.
Para retratar o resultado dessa fictícia interação entre os dois gênios o artista utilizará como suporte telas texturizadas com massa acrílica, sucata e arame, que remetem às paredes rústicas das favelas. “Vamos mostrar que o Brasil é mulato, esquecemos disso porque estamos em São Paulo”, diz Paulo Branco, que durante o vernissage fará caricaturas dos presentes.
Além de cartunista e artista plástico, Paulo Branco é professor de desenho e pintura há mais de 25 anos. Fez ilustrações para livros do escritor Rubem Alves, para o jornal Diário do Povo, para as revistas Playboy, Pasquim e Bundas e participou do livro É Mentira Chico?, de Ziraldo. “Não sei se me tornei artista plástico por opção ou por falta de opção”, ironiza. Modéstia à parte, Paulo Branco já foi premiado como o melhor desenhista do Estado de São Paulo no Mapa Cultural Paulista.
O artista está sempre exercitando sua criatividade. Em uma exposição realizada em um salão de beleza em Campinas, inovou usando cabelos de verdade em suas caricaturas. Para isso, utilizou os cabelos que eram cortados dos clientes do salão e cola em spray. Em outra, alusiva ao Dia Internacional da Mulher, Paulo ousou mais uma vez ao utilizar absorventes íntimos no lugar das telas para criar suas obras.
Unidos pela genialidade
Em 21 de junho de 1839 nasceu no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, aquele que viria a se tornar o maior escritor do Brasil e um mestre da língua portuguesa. Para o crítico norte-americano Harold Bloom, Machado de Assis é um dos 100 maiores gênios da literatura de todos os tempos (chegando ao ponto de considerá-lo o melhor escritor negro da literatura ocidental), ao lado de nomes como Dante, Shakespeare e Cervantes.
Filho de pais humildes, Machado de Assis mal freqüentou a escola – sua trajetória pessoal é, por isso mesmo, impressionante. Alguns dos destaques da primeira fase da sua carreira, marcada pelo romantismo, são as obras Ressurreição e A mão e a luva. Em 1881 publicou Memórias póstumas de Brás Cubas, que marcou o começo do realismo no Brasil e deu início à segunda fase de sua tragetória; e em seguida Quincas Borba, e Dom Casmurro. Um dos melhores poemas de Machado, Carolina, foi feito após a morte de sua esposa, Carolina Xavier de Novaes, em 1904, para homenageá-la.
Cartola (Angenor de Oliveira), considerado um dos maiores compositores da música brasileira de todos os tempos nasceu em 11 de outubro de 1908. Cartola era negro e também carioca, nasceu no bairro do Catete e aos 11 anos, por problemas financeiros, mudou-se para o morro da Mangueira, uma de suas grandes paixões. Ele é considerado responsável pela escolha do nome da escola de samba Estação Primeira de Mangueira e pelas cores adotadas pela escola – verde e rosa, homenagem ao seu clube de coração, o Fluminense. Em seu primeiro desfile, com o samba enredo Chega de Demanda, de Cartola, a Mangueira tornou-se campeã do carnaval, no desfile na Praça Onze.
O compositor, apesar da riqueza de suas poesias, estudou somente até o primário. Suas obras foram gravadas por grandes nomes da música popular brasileira como Paulinho da Viola, Alcione, Beth Carvalho, Chico Buarque, Cazuza, Marisa Monte, Ney Matogrosso, entre outros. Ao lado de sua grande paixão, Dona Zica, Cartola compôs As Rosas não Falam, Nós Dois, Tive Sim e O sol Nascerá.
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Serviço
9ª Quarta Cultural – Exposição Paredes
Data: 22 de outubro
Horário: 20h
Local: Galeria Raphael de Andrade Duarte – Clube Semanal de Cultura Artística – Sede Social
Endereço: Rua Irmã Serafina, 937 – Centro
Entrada Franca
Informações: (19) 3231-8944 ou (19) 3258-2644
Clube Semanal de Cultura Artística
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