A Frente Parlamentar Mista da Leitura vai trabalhar para que deputados e senadores apresentem emendas ao Orçamento da União de 2009 destinando recursos para projetos de estímulo à leitura no Brasil. A proposta foi feita pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) durante a primeira reunião de trabalho da Frente, na última quarta-feira, dia 15 de outubro.
Se acatada, a proposta representará um importante apoio à questão do livro e da leitura no País. O Brasil está, hoje, conseguindo zerar o número de municípios sem bibliotecas (eram cerca de 1.300 em 2003) graças a uma emenda que o senador Tião Viana (PT-AC) fez passar na Comissão de Educação do Senado em 2005, no Ano Ibero-americano da Leitura (Vivaleitura), aumentando quase 20 vezes o orçamento do Ministério da Cultura naquele ano.
“Esse é o momento de articularmos junto aos parlamentares para que as áreas da educação e cultura sejam fortalecidas no próximo ano”, afirmou o presidente da Frente, deputado Marcelo Almeida (PMDB-PR).
Ex-ministro da Educação, Buarque disse que a Frente Parlamentar da Leitura poderá atuar de forma efetiva para dar prioridade aos programas de Leitura dentro da rede pública de ensino, fortalecendo também a educação.
Marcelo Almeida destacou que a primeira contribuição da frente será a luta pela criação do Fundo Pró-Leitura. Este será o principal tema do 1º Seminário de Incentivo à Leitura no Brasil, que a Frente promove no próximo dia 29 de outubro, Dia Nacional do Livro. O Fundo, que será formado por 1% do faturamento anual do setor editorial brasileiro, vai gerar cerca de R$ 40 milhões por ano para financiar as ações previstas no Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL).
“O Fundo ainda não foi criado por falta de entendimento dentro do próprio Governo. Neste seminário, nosso objetivo é pontuar todos os impasses e encontrar as soluções para tirar o Fundo do papel e dar um grande passo em favor da Leitura”, destacou Almeida.
Além de Almeida e Buarque, participaram da reunião da Frente os deputados Alex Canziani (PTB-PR), Barbosa Neto (PDT-PR), Luiz Carlos Setim (DEM-PR), Osmar Serraglio (PMDB-PR), Ratinho Júnior (PSC-PR) e Darcísio Perondi (PMDB-RS), o presidente da Associação Nacional de Livrarias, Vitor Tavares, e Rosália Guedes, do Plano Nacional do Livro e Leitura.
A Frente Parlamentar Mista da Leitura foi lançada na abertura da 20º Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em agosto, e conta com o apoio de 232 deputados e senadores. (Agência Brasil Que Lê)
Radiografia
Os livros na vida do senador Cristovam Buarque
Por Alexandre Malvestio, da agência Brasil Que Lê
5 a 10 anos
História do Brasil para Crianças (Monteiro Lobato)
“O livro de Monteiro Lobato abriu meu gosto pelo estudo da história, desde muito cedo.”
11 a 14 anos
Senhor Deus dos Desgraçados! (Gondin da Fonseca)
“Hoje, lembro desse livro como um panfleto, nacionalista e reformista, progressista, mas foi fundamental para me dar a indignação com a realidade brasileira.”
15 aos 20
Dialética do Desenvolvimento e Desenvolvimento e Subdesenvolvimento (Celso Furtado)
“Abriu meus olhos para pensar logicamente o assunto da evolução social em um país periférico, como o Brasil.”
20 aos 30 anos
Limites do Crescimento (Donella Meadows, Jorgen Randers e Dennis Meadows)
“Foi a primeira leitura que me trouxe a consciência de que o processo civilizatório da revolução industrial não tem futuro.”
30 aos 40 anos
Romances de realismo fantástico latino-americano e Pequeno é Bonito (E. F. Schumacher)
“Foi o período em que mergulhei no realismo fantástico da América Latina, descobrindo que, por trás da lógica, há uma magia muito mais forte do que a realidade que vemos.”
40 aos 50 anos
História do Pensamento Econômico (J. A. Schumpeter)
“A leitura cuidadosa desse monumental livro me fez combinar a teoria econômica com a filosofia.”
50 aos 60 anos
O Banqueiro do Povo (Mohamed Yunes)
“Mostrou para mim como na prática é possível levar adiante um desenvolvimento pela base da pirâmide e não pelo topo como fazemos no Brasil.”
Hoje
Todos nos Equivocamos (Carlos Sabino)
“É uma autobiografia de minha geração, nasceu no mesmo ano que eu nasci, seguiu um roteiro muito parecido, tanto na formação quanto na militância, e chega a nossa idade com o sentimento do quanto nos equivocamos em nossas utopias e lutas por elas.” (Agência Brasil Que Lê)




