Após 15 anos de ditadura Getúlio Vargas, que, pressionado pela política interna e externa pelos Estados Unidos, em 1945 realizou-se a tão esperada eleição para presidente da República, governador e etc. Havia na época vários partidos, inclusive o Partido Comunista. O povo já estava desacostumado de votar, porém chegou a oportunidade. Tanto o povo como líderes políticos e cabos eleitorais pareciam marinheiros de primeira viagem. Em Sousas criaram-se vários candidatos para Presidência da República, eram: Eurico Gaspar Dutra, Ledo Fiúza e outros. No dia da eleição todos os comitês preparavam comida e bebida para os “eleitores” da zona rural que era imensa. Forneciam também transporte gratuito através de caminhões, ônibus e automóveis. E essa competição para a conquista dos “eleitores” da zona rural se tornava uma verdadeira guerra e ocasionava diversas brigas e tumultos. O “eleitor” após desembarcar no comitê que o transportava, comia, bebia e depois furtivamente passava para o comitê rival para aproveitar a comilança. Enfim, eram levados no cabresto até o local de votação. Só que, na hora de votar ele não tinha título para isso e indagado pelo cabo eleitoral dizia que ele veio apenas para torcer. Isso era uma constante. Em 400 “eleitores” apenas 60 tinham condição de votar. Era muito trovão para pouca chuva. Como era verde meu vale!
Antes da década de 50 a regiçao de Sousas, tanto na zona urbana como na sua periferia era repleta de flora abundante tanto de árvores frutíferas nativas como as cultivadas. As nativas eram encontradas em valos (na época serviam de divisas de propriedades) como na mata ciliar que margeavam os cursos d´água. Eu me recordo que na década de 30 antes mesmo de cursar o primário, vivia vasculhando a mata e as montanhas a procura de frutas nativas não longe de minha moradia. Bem perto de minha casa onde hoje é o Jardim Martinelli já me deparava com um valo repleto de goiabeiras o qual se iniciava atrás dda Delegacia de Polícia e ia terminar no atual Parque Infantil. Ali havia goiabas de espécie vermelha e branca e tinha araxá também. Já, do lado oeste de minha casa onde já existia o Regatas, que na época não era cercado, havia Jamelão, ingá, cajá, etc. Quando ingressei no grupo escolar aos 7 anos havia no páteo do mesmo 4 mangueiras da melhor espécie. Em frente ao mesmo Grupo Escolar em terreno aberto havia mangueiras, jaboticabeiras, pitangueiras, ameixeiras, goabeiras, amoreiras, etc. Onde hoje se situa o Supermercado Kushi e a Nossa Caixa havia umas 20 jaboticabeiras da espécie Sabará. E, isso tudo era de acesso livre. E, fora os pomares cultivados que todos os moradores tinham nos quintais onde se encontravam almeirão nativo, louro, serralia, inhame, pimenta comarí, jataí, caraguatatá, safrafá, laranja vinagre, guassatongo e várias plantas medicinais. E. onde existe flora abundante também prolifera a fauna abundante. Não era raro a gente encontrar gambás, tatus, ouriços, cachorro do mato, quatis, siriemas e até macacos bugio nas redondezas do centro urbano. O ranídio natural de Sousas era onde se situa hoje o Thomas Alves pois naquela época era um imenso brejo. Era rãs sem fim.
