O Google traz para o Brasil o serviço Street View, que apresenta fotografias seqüenciadas (como um filme mudo) de ruas mostrando tudo o que estiver visível naquele momento: os prédios, as pessoas e as demais situações que podem ser vistas sob a perspectiva de uma pessoa dentro de um carro. Dentro de seis meses, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte terão suas principais ruas registradas neste poderoso banco de imagem.
Como todo serviço do Google, o Street View disponibiliza informação. Podemos gostar ou não, mas o Google tem facilitado o acesso à informação com suas limitações e características. Porém, como nos demais produtos já existentes, nós temos que pensar em algumas questões relativas às facilidades e aos riscos desse novo serviço:
1) A informação pública se torna mais pública para todos os públicos
As imagens disponibilizadas foram capturadas em vias públicas. Tudo que uma pessoa passeando de carro poderia ver na rua, o Google Street View mostra. O que é informação pública fica mais pública.
2) Facilitará as viagens (turismo/negócio) e a visão prévia de locais de nosso interesse
Caso a área tenha sido coberta pelo carro fotógrafo, as pessoas poderão conhecer com mais detalhes locais para onde desejam viajar. Podemos “caminhar” da Casa Branca em Washington até a sede do FBI e verificar tranquilamente se vale à pena fazer este percurso a pé ou de ônibus. Poderemos também “visitar” aquele hotel que na Internet informa que fica em excelente local.
3) Privacidade
Esta é uma das questões debatidas em relação a este serviço. A princípio não existem muitos problemas, pois as pessoas estão na rua. A Constituição brasileira não proíbe nominalmente que qualquer indivíduo, seja por motivação pessoal ou em nome de uma empresa, fotografe ambientes públicos, como são as ruas. Porém a própria Constituição no seu décimo inciso do artigo quinto garante que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
4) Essas imagens poderão ser usadas pelo crime organizado?
Sim, poderão. E se juntamos com imagens (que eu acho muito mais poderosas) de satélite, hoje disponibilizadas gratuitamente pelo serviço Google Earth, os criminosos terão informações que demorariam mais tempo para conseguir: como é a área vizinha de um condomínio de luxo que fica em uma cidade a mais de mil quilômetros?
5) E o futuro?
Tenho certeza que as informações sobre os ambientes públicos serão cada vez maiores. Teremos esse tipo de informação praticamente em tempo real. Este sistema poderá estar conectado com câmeras de monitoramento de transito, com câmeras dos prédios, com câmeras de voluntários que através do seu DMC (Dispositivo Móvel de Comunicação – nosso atual telefone celular) repassarão imagens em tempo real das ruas e locais das cidades.
Essa situação trará muitas vantagens, mas também trará o risco dessas informações serem utilizadas pelo crime e por governos não democráticos. Como cidadãos nós precisamos estar atentos para conseguir separar o que é bom e o que não pode acontecer.




