O filme Quanto dura o amor?, de Roberto Moreira, exibido na noite de domingo (12), instigou o público a fartos comentários durante o debate no II Festival Paulínia de Cinema, realizado nesta segunda (13), na Sala de Imprensa do Paço Municipal. Com a presença do diretor, parte da equipe técnica e elenco, o longa despertou atenção do público por, entre motivos, retratar a transexualidade de forma sutil e delicada.
Com várias locações em Paulínia, o filme estabeleceu, desde as primeiras cenas, identidade com o espectador paulinense que viu imagens do seu cotidiano na tela grande. “A relação com Paulínia foi excepcional”, garantiu Moreira.
Generosa nas palavras, a atriz Maria Clara Spinelli foi o destaque. Aceitou o convite para o papel de uma mulher transexual pela “dignidade” com que foi tratada por toda a equipe. Na vida real, Clara nasceu transexual e confessou ter relutado para expor publicamente um pouco de sua história. “Não é fácil. Acredito, porém, ter uma função política e social que pode ser referência para outras meninas que nasceram transexuais”, afirmou.
Pegando “carona” na realidade, Leilah Moreno (Antonia) – uma garota de programa no filme – relatou sua experiência pessoal quando deixou o Interior para a cidade grande: “Dormi dez dias na rodoviária e para “ganhar” a vida, cheguei a ser convidada para fazer ‘programas’, o que, felizmente, não aceitei”.
A trilha musical de Quanto dura o amor? também esteve na roda. Para a utilização e autorização de suas músicas, a banda Radiohead exigiu assistir ao filme com antecedência – providência tomada pela direção e equipe que não abriram mão da sonoridade do conjunto.
O curta-metragem Quem será Katlyn? , de Caue Fernandes Nunes, foi outro assunto das discussões matinais. Por tratar de uma investigação sobre identidades sociais – homem e mulher – traz a história de um travesti que narra seu processo de transformação. Este trabalho, de certa maneira, dialoga com o longa de Roberto Moreira. Temáticas similares apresentadas de maneira autoral.