As elevadas taxas de desemprego em nosso país não refletem apenas a escassez de oportunidades no mercado de trabalho, são também o retrato da mão-de-obra pouco especializada e muitas vezes incapaz de desempenhar determinadas funções. A situação adquire contornos preocupantes quando se sabe que não trabalham nem estudam 27% dos brasileiros entre 15 e 24 anos das oito principais regiões metropolitanas.
Os dados, de uma pesquisa realizada pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais) e pelo Instituto Pólis com oito mil pessoas, refletem uma antiga reclamação dos empregadores: são muitos os postos que não podem ser preenchidos por total ausência de mão-de-obra habilitada. Resta, portanto, uma equação a ser solucionada: sem estudo, como poderiam estes jovens ingressar no mercado de trabalho?
Embora sejam muitos os caminhos possíveis, é necessário reconhecer que grande parte não se mostra acessível a uma parcela considerável da população economicamente ativa. Repletas de boa intenção, medidas governamentais nem sempre são suficientes para atender à demanda. Tomemos como exemplo a Lei do Aprendiz: apesar de fundamental para a formação de muitos jovens, é pouco provável que as ações a ela relacionadas consigam impactar na questão do desemprego.
Observa-se a mesma deficiência em programas de primeiro emprego ou de recolocação profissional, sejam eles públicos ou privados. Por vezes a preocupação fica restrita a encontrar uma oportunidade para essas pessoas, sem a devida continuidade. Resolve-se o problema momentâneo, mas sem a seqüência necessária para o desenvolvimento de uma carreira. Fica a certeza, portanto, de que o investimento em qualificação profissional deve partir também das redes educacionais e de qualificação.
Neste cenário, os cursos livres profissionalizantes despontam como atalho para o mercado de trabalho. Não só pelo custo acessível, mas especialmente porque oferecem um aprendizado focado em determinadas habilidades e competências. São a alternativa que garante o aprendizado necessário para o profissional disputar uma vaga no mercado de trabalho. Trata-se, no fim das contas, do tal conhecimento aplicável.
Além de aprendizado técnico, muitos cursos livres proporcionam também o desenvolvimento de características individuais como criatividade, liderança, marketing pessoal e comunicação verbal. São capacitações que contribuem para a formação de um cidadão e podem fazer a diferença no momento de uma entrevista de emprego.
Se a escolha de um curso técnico representa um atalho para o mercado de trabalho, é irreal que seja encarada como um passaporte que abre todas as portas. Muito depende do profissional e de atividades complementares. Ao jovem interessado em reciclagem, resta procurar a escola adequada a seus objetivos. Ter uma especialização compatível com o que procura o mercado pode significar a diferença entre estar empregado ou não.
*Wilson Roberto Giustino