Presidente da Fiesp aponta contradição na ata do Copom e diz que o documento omitiu influência da política cambial na queda da inflação. \”A ata emitida também ignora os efeitos danosos do câmbio sobrevalorizado e dos juros altos\”.
O Copom defende a escalada dos juros iniciada há um ano como um processo cujo principal fruto — a redução da inflação a níveis compatíveis com a meta — começam a ser colhidos. \”O raciocínio, muito parcial, é de que os resultados estão sendo recompensadores, com o estabelecimento de duradoura fase de estabilidade\”, salienta o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ponderando: \”O documento omite, entretanto, o papel que a taxa sobrevalorizada de câmbio tem exercido no controle inflacionário\”.
O líder empresarial explica que, entre setembro de 2004 e maio de 2005, a inflação oscilou em torno do patamar médio observado a partir de 1999, apesar da escalada dos juros. Foi apenas em junho deste ano que os primeiros resultados de queda da inflação começaram a surgir, e isto foi possível principalmente pela trajetória da taxa de câmbio. \”Mais uma vez, o Copom sequer toca na possibilidade de, em médio prazo, o real registrar desvalorizações significativas. Se esta possibilidade tivesse sido levantada, então não seria possível concluir, como consta da ata, que as incertezas e riscos ao controle de preços estariam em queda. Encontra-se, aí, uma contradição\”, aponta o presidente da Fiesp.
A taxa de câmbio atual não é sustentável em longo prazo. A questão é a velocidade com que irá retornar a um nível mais elevado, o que poderá ocorrer em 2006 ou 2007. \”Enfim, ao contrário do que afirma a nota, o risco de instabilidade inflacionária persiste, suscitando a manutenção das incertezas\”, conclui Paulo Skaf.