Na principal reunião da Organização Mundial do Comércio, governo brasileiro denuncia medidas unilaterais dos EUA; Washington reage e acusa outros países de violar regras internacionais
Foto Divulgação AgGov
O governo brasileiro aproveitou a principal reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio), realizada nesta quarta-feira, para criticar duramente as tarifas impostas pelos Estados Unidos durante a gestão de Donald Trump. A denúncia brasileira obteve apoio imediato de cerca de 40 países, incluindo potências como China, Índia, Rússia, União Europeia e Canadá. Em resposta, os EUA acusaram os demais países de não respeitarem as normas do comércio global.
A ofensiva diplomática do Brasil na OMC teve como foco as tarifas elevadas aplicadas por Donald Trump contra produtos de diversos países, incluindo o aço e o alumínio brasileiros. Segundo representantes do Itamaraty, as medidas unilaterais adotadas pelos EUA violam princípios fundamentais do sistema multilateral de comércio e afetam diretamente a economia de países em desenvolvimento.
Durante a sessão, o Brasil alertou que as tarifas são um exemplo de protecionismo disfarçado de segurança nacional e pediu que a OMC atue para restabelecer a previsibilidade e o equilíbrio no comércio internacional. A fala brasileira foi acompanhada de manifestações de apoio por parte de delegações da China, Rússia, Índia, União Europeia, Canadá, África do Sul, entre outras.
“O comércio internacional precisa estar baseado em regras justas, e não em ações unilaterais que colocam em risco a credibilidade da OMC”, declarou um diplomata brasileiro durante a reunião.
Em resposta, a delegação dos Estados Unidos afirmou que as medidas tarifárias adotadas por Washington são legítimas e amparadas por exceções previstas nas regras da OMC. Além disso, acusou os demais países de distorcerem o sistema internacional por meio de subsídios ilegais, manipulação cambial e barreiras não tarifárias.
O embate reflete o impasse atual da OMC, que enfrenta uma grave crise institucional desde que os EUA bloquearam a nomeação de juízes para seu órgão de apelação, paralisando a capacidade da entidade de resolver disputas comerciais de forma definitiva.
Especialistas veem na articulação brasileira uma tentativa de fortalecer o papel dos países em desenvolvimento nas negociações multilaterais e recuperar a relevância da OMC diante das crescentes tensões comerciais globais.
A mobilização liderada pelo Brasil também é interpretada como um movimento estratégico em meio à intensificação das disputas comerciais entre potências, com impactos diretos sobre cadeias produtivas, investimentos e políticas industriais em diversas regiões do mundo.