Governo federal monta grupo técnico para avaliar viabilidade de alternativa nacional ao GPS, hoje dominado por potências estrangeiras
O governo brasileiro iniciou os estudos para avaliar a possibilidade de criar um sistema nacional de geolocalização por satélite, similar ao GPS americano. A iniciativa visa reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras em áreas estratégicas como defesa, segurança, agricultura e telecomunicações.
Um grupo técnico multidisciplinar foi oficialmente formado para analisar a viabilidade técnica, econômica e estratégica da implantação de um sistema brasileiro de posicionamento, navegação e tempo (PNT). A proposta reúne representantes dos ministérios da Defesa, da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Aeronáutica, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), da Agência Espacial Brasileira (AEB), além da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil.
A ideia não é nova, mas ganha força em um momento em que cresce a preocupação com a soberania digital e a proteção de dados estratégicos. Atualmente, o Brasil — como a maioria dos países — depende de sistemas de geolocalização operados por outras nações, como o GPS (EUA), o Glonass (Rússia), o Galileo (União Europeia) e o BeiDou (China).
“Ter autonomia nesse campo é essencial para a segurança nacional, principalmente diante de cenários de conflito ou restrições tecnológicas impostas por outros países”, afirmou um dos membros do grupo, sob condição de anonimato.
O estudo deverá avaliar a viabilidade de construir e manter uma constelação de satélites próprios, bem como a infraestrutura terrestre de controle e distribuição de sinal. Os custos são elevados — estima-se que um sistema completo possa ultrapassar os bilhões de reais — e os desafios tecnológicos são imensos.
A iniciativa ainda está em fase inicial, mas já desperta o interesse de empresas e universidades ligadas ao setor aeroespacial. A expectativa é que o diagnóstico técnico seja concluído nos próximos meses e, caso se confirme a viabilidade, o projeto possa integrar o novo Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).
Além dos aspectos de defesa, a criação de um sistema próprio pode beneficiar diretamente setores como a agricultura de precisão, o transporte, o monitoramento ambiental e os serviços de emergência. Também abriria espaço para o fortalecimento da indústria nacional de tecnologia de ponta.
A decisão final sobre a implementação dependerá dos resultados do estudo e da capacidade de articulação entre governo, setor produtivo e instituições científicas. Até lá, o Brasil seguirá monitorando os céus com olhos voltados para sua própria posição no tabuleiro tecnológico global.