O prefeito de Campinas, Jonas Donizette, apresentou na tarde desta quinta-feira, 12 de janeiro, o Projeto Comunidade Resiliente desenvolvido pela Defesa Civil e que obedece às diretrizes da ONU (Organização das Nações Unidas) para o enfrentamento de desastres.
Campinas é a primeira cidade do Brasil a desenvolver o projeto em uma comunidade específica. Tendo como base o incremento de ações de resiliência na comunidade local, o projeto utiliza como ferramenta o mapeamento comunitário de risco, que é elaborado em conjunto pelo poder público e comunidade local.
“Este projeto é muito precioso porque está sendo desenvolvido com a comunidade, com a visão dos moradores para superar os desastres. As cidades precisam buscar ao máximo as medidas de prevenção e gestão de riscos e todo tipo de iniciativa como esta é muito importante para estar preparado para o atendimento em situações de desastre, minimizando os riscos e perdas para a população”, disse o prefeito.
A região escolhida para o início do projeto foi o Vale das Garças, em Barão Geraldo, uma localidade que sofre com as inundações do Rio Atibaia e está entre as 30 áreas de risco em Campinas. “O Vale das Garças é a porta de entrada para chegar a outros bairros. Na região há outras comunidades que estão envolvidas no projeto e serão também beneficiadas: os bairros Piracambaia 1 e 2. Ontem foi instalado o sensor de alagamento no Piracambaia 2, ali é um ponto de maior vulnerabilidade, onde a própria comunidade já começou a se organizar”, explicou o diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado.
Furtado disse que o trabalho nessa região começou há seis meses, ao longo dos quais houve uma série de reuniões e encontros e a confiança entre os participantes foi se ampliando. “Quando a comunidade está sensível e convicta de que aquilo vai protegê-la e atendê-la nas necessidades dela, penso que conseguimos avançar bastante e isso eu entendo que é o que está acontecendo com essa região escolhida para o projeto-piloto”, apontou.
O diretor da Defesa Civil do Estado de São Paulo, tenente-coronel Homero de Giorge Cerqueira, informou que o projeto será replicado em outras regiões do Estado de São Paulo, caso de São Vicente, no litoral, e Cajati, no Vale do Ribeira. “A partir do que for sendo construído no Vale das Garças, vamos replicar para mais comunidades do Estado”.
Mapa
O Vale das Garças tem um mapa comunitário de riscos elaborado pela ótica dos moradores do local, dos mais antigos aos atuais. No bairro, moram cerca de 200 famílias. O mapa permite o desenvolvimento de estratégias de ações de redução de riscos de desastres e de autoproteção. É um guia para agir de forma segura e assertiva, minimizando danos e salvaguardando vidas.
O mapeamento foi apresentado por membros da Associação de Moradores do Vale das Garças. A moradora Rita de Cássia Lélis contou que a parceria da comunidade com a Defesa Civil nasceu a partir de um seminário de saúde realizado em junho do ano passado e, juntas, as duas partes estão construindo o plano de prevenção e recuperação do local. Para Rita, é uma honra fazer parte da força tarefa para o desenvolvimento desse plano: “A união de esforços e um conjunto de ações multissetoriais nos permitirá chegar a isso, com um resultado que será benéfico para todos”.
Cidade modelo
O projeto Comunidade Resiliente é um desdobramento da campanha mundial “Construindo Cidades Resilientes da ONU”. O representante da ONU no Brasil, David Stevens, lembrou que Campinas foi o primeiro município do Estado de São Paulo a se comprometer com a campanha e, posteriormente, a primeira e única cidade do país a obter o certificado de cidade modelo em resiliência.
Desde o começo da sua primeira gestão, o prefeito Jonas Donizette abraçou o programa da ONU de cidades resilientes e o trabalho desenvolvido em Campinas já apresenta resultados positivos: o número de áreas de riscos caiu de 74 para 30. Não há registro de óbitos nesse período e o trabalho de Campinas foi multiplicado para 78 cidades da região e do Estado de São Paulo.
Campinas está, desde 2013, certificada pela ONU como a primeira cidade brasileira a ser considerada modelo da “Campanha Construindo Cidades Resilientes”. A resiliência é definida como capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade exposto a riscos de resistir, absorver, adaptar-se e recuperar-se dos efeitos de um perigo de maneira eficiente.
Comunidade Resiliente será tema de curso
O projeto Comunidade Resiliente é elaborado com apoio de diversos órgãos públicos municipais, instituições acadêmicas da Unicamp e setor privado. Conta com o apoio em especial do Colab (www.colab.re), aplicativo de celular concebido para a solução de problemas e a participação popular por meio de proposições.
Professores da Unicamp anunciaram uma parceria com a Defesa Civil para a abertura de um curso de extensão universitária voltado à campanha Cidades Resilientes. A Unicamp participa do projeto.
O professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, André Argolo, é um dos responsáveis pelo projeto. “Estamos colaborando com o mapeamento, de forma a padronizar a linguagem para que ela possa ser replicada depois para outras comunidades de Campinas e de todo o Estado”, explicou.




