Condenada a dez anos de prisão pelo STF por invasão ao sistema do CNJ, Zambelli era considerada foragida e estava na lista da Interpol
Sandra Venancio – Foto Câmara dos Deputados
A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) foi detida nesta terça-feira (29) em Roma, capital da Itália, após permanecer foragida da Justiça brasileira desde sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A bolsonarista será submetida a processo de extradição, conforme tratados firmados entre Brasil e Itália.
Clique aqui para fazer parte da comunidade do Jornal Local de Campinas no WhatsApp e receber notícias em primeira mão.
Carla Zambelli foi presa pela polícia italiana no bairro Aurelio, em Roma, após ter seu paradeiro denunciado por parlamentares italianos que haviam sido alertados sobre sua presença no país. A captura ocorreu menos de uma semana depois de o STF ter decretado sua prisão definitiva, em função da condenação a dez anos de reclusão por crimes relacionados à invasão dos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Desde a decisão do Supremo, Zambelli havia deixado o Brasil em condição ilegal e passou a constar na lista vermelha da Interpol, destinada à busca internacional de foragidos. As autoridades italianas agiram em colaboração com a Polícia Federal brasileira e a Interpol para realizar a detenção.
Em nota, a Polícia Federal informou que “a presa era procurada por crimes praticados no Brasil e será submetida ao processo de extradição, conforme os trâmites previstos na legislação italiana e nos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário”.
A Justiça italiana agora analisará o pedido formal de extradição a ser feito pelo governo brasileiro, que deverá apresentar documentação jurídica, incluindo cópias da sentença condenatória e detalhes do processo judicial. Até lá, Zambelli permanecerá detida sob custódia da polícia italiana.
Além da condenação relacionada ao caso CNJ, Zambelli também é ré em outro processo criminal no Supremo Tribunal Federal. Em agosto de 2023, a Corte aceitou denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ela pelo episódio ocorrido em 29 de outubro de 2022, quando a então deputada sacou uma arma e perseguiu o jornalista Luan Araújo nas ruas de São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais.
A defesa de Zambelli ainda não se manifestou publicamente sobre a prisão ou sobre eventuais recursos contra a extradição. Integrantes do PL, partido ao qual Zambelli é filiada, evitaram comentar oficialmente o caso até o fechamento desta matéria.
O caso representa um duro revés para setores do bolsonarismo, que vinham adotando tom de enfrentamento ao Judiciário e promovendo campanhas de deslegitimação das decisões do STF. O ministro Alexandre de Moraes, relator das ações penais contra Zambelli, tem reiterado em decisões recentes a necessidade de responsabilização de agentes públicos que atentem contra instituições democráticas.
O Itamaraty acompanha o processo consularmente, mas informou que não interferirá na tramitação da extradição, por se tratar de questão judicial.