STF apura possível prática de insider trading e articulação de Eduardo Bolsonaro para favorecer aliados com dados sigilosos sobre medidas dos EUA
Foto Rovena Rosa/Agencia Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (21) a abertura de investigação sobre o suposto uso de informações privilegiadas no episódio do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. A suspeita envolve a prática de insider trading e está ligada à atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), investigado por suposta articulação internacional contra o governo brasileiro e o Supremo.
O pedido de abertura da investigação foi feito pela Advocacia-Geral da União (AGU) na semana passada, dentro do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A nova frente de apuração envolve suspeitas de que aliados de Bolsonaro teriam se beneficiado de informações antecipadas sobre a imposição de tarifas comerciais por parte do governo Trump — medida que afetou diretamente o setor de aço e alumínio no Brasil.
Segundo a AGU, há indícios de que dados sigilosos sobre o tarifaço foram utilizados de forma indevida por pessoas ligadas ao entorno de Eduardo Bolsonaro, permitindo ganhos financeiros ou movimentações de mercado antes do anúncio oficial. A prática é conhecida como insider trading, crime previsto na legislação brasileira e norte-americana, quando informações internas são usadas para obter vantagem econômica indevida.
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Eduardo Bolsonaro, que atuou como interlocutor informal entre o governo brasileiro e o governo Trump durante o mandato do pai, é acusado de interceder junto à Casa Branca por medidas que pudessem enfraquecer o presidente Lula e ministros do STF, como parte de uma estratégia para travar as investigações sobre a trama golpista que visava impedir a posse do presidente eleito em 2022.
A decisão de Moraes reforça o avanço do Supremo sobre a dimensão econômica e internacional das articulações investigadas desde os atos de 8 de janeiro de 2023. A inclusão do possível crime financeiro amplia o escopo das apurações e pode envolver autoridades e empresários no Brasil e nos Estados Unidos.
A defesa de Eduardo Bolsonaro ainda não se pronunciou oficialmente sobre a nova investigação. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deverá se manifestar nas próximas semanas sobre o pedido da AGU.