Deputado licenciado, alvo de inquérito no STF, teme repetir destino de Carla Zambelli e diz que só viaja com “garantias jurídicas”
Crédito: Sandra Venancio
O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) entrou em modo “fugitivo cauteloso”. Investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação em articulações golpistas, o filho do ex-presidente teme ser preso pela Interpol caso deixe os Estados Unidos e siga para a Europa, onde foi convidado a discursar no Parlamento Europeu. Mas, ao mesmo tempo, se vangloria de trabalhar para que Donald Trump puna economicamente o Brasil.
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A entrevista de Eduardo Bolsonaro ao jornal O Globo, publicada nesta quarta-feira (6), expõe uma conduta que críticos classificam como traição à pátria. “O peixe morre pela boca”, diz o ditado — e Eduardo mordeu a isca. Ao declarar abertamente que atua para ampliar as sanções econômicas impostas ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ele ultrapassa qualquer limite de atuação parlamentar e diplomática, assumindo um papel hostil contra os interesses nacionais.
“Trabalho sim, neste sentido. Estou levando a prisão [de Jair Bolsonaro] ao conhecimento das autoridades americanas e a gente espera que haja uma reação”, afirmou. Essa postura revela não apenas adesão a interesses estrangeiros, mas um esforço ativo para prejudicar economicamente o país.
Mais grave ainda é sua afirmação de que permanecerá nos EUA até que o ministro Alexandre de Moraes seja “anulado” — uma escolha de palavras que, para muitos, flerta perigosamente com a incitação à violência. É a retórica de mafioso, de miliciano, e lembra o antigo “plano do Punhal Verde-Amarelo”, onde o alvo declarado era justamente o magistrado.
Ao dizer que “ou tenho 100% de vitória ou 100% de derrota”, Eduardo confessa não aceitar as regras democráticas e se coloca deliberadamente contra a ordem constitucional. A tentativa de pintar seu autoexílio como “resistência política” mascara o fato de que ele foge das consequências legais de seus atos.
Enquanto isso, segue nos EUA, aguardando “garantias jurídicas” para não ser preso pela Interpol caso viaje para a Europa. O receio cresce após o caso de Carla Zambelli, presa na Itália por descumprimento de medidas do STF. A Polícia Federal mantém cooperação ativa com a Interpol, e pedidos de difusão vermelha — o alerta internacional de captura — podem ser feitos a qualquer momento mediante autorização judicial.
Atualmente nos Estados Unidos, onde busca apoio político e suposta proteção internacional, o deputado ainda não definiu a data da viagem. Enquanto isso, o STF mantém sob sigilo partes das investigações que podem sustentar pedidos futuros de prisão preventiva, inclusive fora do território nacional.
Preocupações com a Polícia Federal e Interpol
A preocupação não é à toa. A Polícia Federal (PF) mantém cooperação ativa com a Interpol e pode solicitar, via o Escritório Central Nacional no Brasil, a inclusão de nomes na difusão vermelha a pedido do STF. As ordens podem ser cumpridas por autoridades estrangeiras assim que o investigado cruzar a fronteira de um país signatário.
O temor de Eduardo cresce após o caso de Carla Zambelli, presa em abril na Itália por descumprimento de medidas impostas pelo STF. Ele alega que “não vivemos mais um período de normalidade” e acusa “tiranos brasileiros” de perseguirem opositores.
A difusão vermelha é um alerta internacional emitido a pedido de países-membros da Interpol para localizar e prender provisoriamente indivíduos procurados, com base em mandados de prisão válidos. No Brasil, o pedido parte normalmente da Polícia Federal com autorização judicial. Não é um “mandado de prisão internacional” automático, mas, na prática, serve como base para que países aliados prendam e extraditem a pessoa. Cabe a cada nação decidir se cumpre a solicitação.
Conexões Internacionais da Família Bolsonaro
O operador internacional da guerra contra o STF e o Brasil
Deputado federal licenciado pelo PL-SP, filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo construiu sua projeção política usando o passaporte diplomático para articular com redes da extrema-direita global, atuando como ponte entre figuras como Donald Trump, Steve Bannon e Matteo Salvini.
Ações internacionais contra o Brasil
- 2019: Afirma publicamente que “bastaria um cabo e um soldado” para fechar o STF, dando início a um histórico de ameaças às instituições.
- 2020–2022: Participa de eventos de ultradireita nos EUA e na Europa, disseminando desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro.
- 2023: Intensifica ataques a Alexandre de Moraes e participa de articulações com políticos estrangeiros para pressionar diplomatas brasileiros.
- 2024: Atua nos bastidores para aproximar Bolsonaro de líderes europeus e americanos hostis ao governo brasileiro.
- 2025:Teme prisão pela Interpol caso viaje à Europa, após investigações do STF sobre articulações golpistas.
- Concede entrevista ao jornal O Globo admitindo trabalhar para ampliar sanções econômicas dos EUA contra o Brasil, em retaliação à prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.
- Declara que só volta ao Brasil “com 100% de vitória”, sugerindo que não aceitará as decisões da Justiça.
Conexões e aliados no exterior
- EUA: Donald Trump, Steve Bannon, Jason Miller (porta-voz de Trump).
- Europa: Matteo Salvini (Itália), Viktor Orbán (Hungria), Dominik Tarczyński (Polônia), Santiago Abascal (Espanha, partido Vox).
- Rede internacional: Conferências da CPAC, reuniões privadas com financiadores conservadores americanos e think tanks ligados à Heritage Foundation.
Postura e impactos
A atuação de Eduardo transcende a oposição parlamentar: ele age como um lobista internacional contra seu próprio país, articulando sanções econômicas e campanhas de deslegitimação das instituições brasileiras. Especialistas em direito internacional e segurança classificam a conduta como “atípica e hostil”, com potencial enquadramento em crimes contra a soberania.
Pontos para investigação adicional
- Detalhes de financiadores internacionais de viagens e eventos de Eduardo Bolsonaro.
- Correspondências diplomáticas e comunicações interceptadas pela PF.
- Eventual inclusão do nome de Eduardo na difusão vermelha da Interpol a pedido do STF.
- Relação direta com o “plano do Punhal Verde-Amarelo” e possíveis ameaças concretas a Alexandre de Moraes.