Publicação sobre o presidente brasileiro foi a mais engajada do Instagram do NYT em 2025, atrás apenas de homenagem a Maggie Smith. Dados revelam novo impacto da política externa de Lula na opinião pública digital
Por Sandra Venancio – Jornal Local – Foto Reprodução / New York Times
A entrevista concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao The New York Times se tornou um dos maiores fenômenos de engajamento digital envolvendo um líder político latino-americano em 2025. O conteúdo bateu recordes nas redes sociais, superando todas as postagens do jornal no ano — com exceção de uma homenagem à atriz Maggie Smith, falecida em janeiro.
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A repercussão da fala de Lula, especialmente suas críticas à nova tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros, ganhou proporções inesperadas. Publicada no perfil oficial do NYT no Instagram, a entrevista acumulou mais de 746 mil curtidas e comentários, de acordo com levantamento da FGV Comunicação. A marca tornou o conteúdo o mais engajado do ano até agora na conta do jornal norte-americano.
A fala de Lula ecoou especialmente entre os brasileiros no exterior e entre internautas preocupados com os rumos da diplomacia econômica. O “tarifaço” — como vem sendo chamado o pacote protecionista de Trump — foi duramente criticado pelo presidente, que afirmou se tratar de “um ataque frontal à soberania econômica do Brasil”.
Dados de pesquisa e análise investigativa:
Segundo o estudo da FGV Comunicação, o post com a entrevista de Lula superou publicações sobre temas centrais dos Estados Unidos, como as primárias eleitorais, conflitos internacionais e até decisões da Suprema Corte americana. Entre mais de 2.300 postagens analisadas no Instagram do New York Times desde janeiro de 2024, apenas a publicação sobre a morte de Maggie Smith, atriz de Harry Potter, obteve mais interações.
Pesquisadores apontam que o desempenho digital da entrevista revela um movimento estratégico da diplomacia brasileira, que vem apostando em grandes veículos internacionais para pautar a narrativa global. “Lula está usando a mídia estrangeira como palco para se posicionar contra políticas antibrasileiras, como a tarifa de Trump, com o benefício adicional de conquistar apoio nas redes”, afirma a professora Renata Salgado, da FGV.
Para especialistas, o caso demonstra também como as redes sociais estão moldando o impacto da política internacional: “O sucesso de Lula nas redes do NYT não é só uma vitória simbólica — é um dado que influencia mercados, diplomacias e inclusive eleitores”, completa Salgado.
A entrevista já foi replicada por centenas de influenciadores e veículos alternativos, o que amplia ainda mais sua influência. Na prática, o engajamento massivo revela que temas como comércio internacional, protecionismo e soberania seguem sendo combustíveis potentes no debate público.