
A população de Sousas, Joaquim Egídio e demais regiões de Campinas, pagou, de janeiro a dezembro deste ano, o equivalente a R$ 2,5 bilhões exclusivamente com o custeio de impostos de natureza municipal, estadual e federal. Isso significa que a cada segundo, moradores de Campinas, desembolsaram, R$ 98 para inflar a máquina pública. A constatação é do Impostômetro, criado pela Acisp (Associação Comercial e Industrial de São Paulo). Populares dos distritos, no entanto, afirmam que não veem retorno à altura em investimentos.
O técnico agrícola José Angelo, de 40 anos, morador do Jardim Belmonte, em Sousas, classifica a Saúde no distrito como “mais ou menos”. “Demora muito o atendimento no Centro de Saúde de Sousas. Quando preciso levar minha irmã ou sobrinho fico lá esperando por três horas”, reclamou. Ao saber do montante que ajuda a pagar de impostos, ele se indignou. “A gente não recebe de volta praticamente nada”, disse.
Angelo apontou outro problema que ronda os moradores do distrito: a falta de investimento em planejamento urbano para a criação de mais vagas de estacionamento, em especial, na região central.
“É o que mais a gente sente falta aqui (vagas de estacionamento). Nem que fosse criada Área Azul, o importante é ter vagas. A Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) multa demais gente aqui. Estacionar é um desafio pra gente, um descaso”, desabafou.
Do Nova Sousas, o aposentado João Batista Fermino, 53, apontou a falta de limpeza urbana, principalmente, nas proximidades da subprefeitura. “É muito lixo na rua, no mato. Precisa haver limpeza eficiente todos os dias e usar um pouco desse tanto de imposto que pagamos para contratar mais funcionários para a limpeza pública”, declarou. Fermino também criticou a demora no atendimento Centro de Saúde de Sousas. “É uma espera grande e às vezes as pessoas não conseguem receber atendimento”, contou.
Conforme análise do cientista político do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Valeriano Mendes Ferreira Costa, Campinas, instalada em uma região privilegiada em investimentos, arca com os impostos de regiões mais pobres do Brasil, cuja arrecadação é menor.
Segundo Costa, “essa é uma forma de o governo de redistribuir a renda no País e aplicá-la em lugares mais necessitados, como a região Nordeste”. “Campinas e região subsidiam cidades e regiões mais pobres, com baixa atividade econômica e que consequentemente pagam menos impostos, como por exemplo o Vale do Ribeira. É uma estratégia de diminuir as diferenças sociais”, pontuou.
De acordo com o especialista, se a RMC (Região Metropolitana de Campinas) se tornasse um país, ela teria infraestrutura de primeiro mundo e as áreas de educação e saúde, por exemplo, seriam idênticas aos de países da Europa.