Os jovens indígenas Dream Braga e Nelson Silva, do povo Kambeba, e Graziela dos Santos, da etnia Karapãna, do Amazonas, iniciam nesta sexta-feira (04.03) a batalha para concretizar o sonho de defender o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Os três indígenas disputam até sábado (05.03) a primeira etapa da seletiva nacional de tiro com arco na cidade de Butantã, em São Paulo.
Os três arqueiros fazem parte do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte. A seletiva definirá os arqueiros que irão preencher as três vagas no masculino e três no feminino que o Brasil tem direito nas Olimpíadas. O evento nacional contará com quatro etapas no total. Os dois primeiros nomes sairão da soma de pontuação nas provas e o terceiro pela escolha técnica da confederação brasileira.
Os atletas amazonenses participam do projeto desenvolvido pela Fundação Amazonas Sustentável, que conta com recursos captados por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Classificar um atleta de origem indígena nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no masculino ou no feminino, é o desejo do técnico dos atletas.
O treinador dos indígenas, Aníbal Forte, acredita que os atletas têm chances de brigar com os grandes nomes do esporte nacional. “Os três arqueiros no masculino são fortes: Marcus Vinícius, Daniel Xavier, Bernardo de Oliveira. Mas, o Dream Braga se classificou na seletiva para disputar o Pan-Americano de tiro com arco na Costa Rica, em maio. Assim, penso que ele vai sair bem na seletiva. Acredito que ele vai ficar entre os quatro arqueiros. No feminino, tenho confiança da classificação da Graziela. Ela tem participado de torneios, vem evoluindo nos treinamentos e vem mostrando amadurecimento psicológico”, analisou.
A seletiva é disputada por 20 arqueiros, dez no masculino e dez no feminino. No masculino, os indígenas terão que brigar pelas três vagas olímpicas com grandes nomes do tiro com arco brasileiro, como Marcus Vinícius, Daniel Xavier, Bernardo de Oliveira. No feminino, Graziela dos Santos enfrentará nomes como Sarah Nikitin, Ane Marcelle e Marina Canetta pelas três vagas na vila olímpica do Rio de Janeiro.
“O trabalho vem sendo desenvolvido faz mais de dois anos. O projeto nasceu depois que o diretor assistiu a prova dos 400m rasos das Olimpíadas da Austrália e viu a atleta Cathy Freeman, australiana de origem aborígene, levar a medalha de ouro e encantar o mundo. O desejo era ver acontecer o mesmo aqui no Brasil, ao proporcionar aos indígenas a oportunidade de disputar as Olimpíadas”, revelou Aníbal.
Atualmente, o projeto atende seis jovens: um na categoria cadete, dois na adulta e três na juvenil. “Fizemos mais de 30 avaliações até chegar em 12 jovens. Com o tempo o projeto encolheu, passamos para oito atletas e hoje atendemos seis arqueiros. São poucos mais eles estão entre os melhores do país”, disse.
“Tenho muita esperança na Graziela. Ela tem trabalhado muito forte e acredito que ela vai ficar entre as três primeiras na seletiva. Sei da dedicação, empenho e confio no resultado. Espero que saia desse grupo o primeiro indígena que defenderá a bandeira brasileira em uma edição dos Jogos Olímpicos no tiro com arco”, finaliza o treinador.
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