Bolsonaristas fazem vigília, gritam contra o STF e travam votações; oposição chama de “irresponsabilidade” e “teatro pago com dinheiro público”
Por Sandra Venancio – Foto José Cruz/Agencia Brasil
O Congresso voltou do recesso e, em vez de trabalho, ganhou um espetáculo digno de novela ruim. Um grupo de deputados e senadores bolsonaristas — apelidados nos corredores de “milicianos parlamentares” — decidiu paralisar tudo para defender Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar desde segunda-feira (4).
Clique aqui para fazer parte da comunidade do Jornal Local de Campinas no WhatsApp e receber notícias em primeira mão.
Sob o comando de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Rogério Marinho (PL-RN) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a tropa bolsonarista montou plantão nos plenários da Câmara e do Senado, com direito a revezamento de dez parlamentares por vez, inclusive de madrugada. O enredo inclui gritos contra o Supremo Tribunal Federal (STF), exigência de anistia para quem depredou Brasília no 8 de janeiro e discursos inflamados que pouco ou nada têm a ver com os problemas reais do país.
Para a oposição a essa baderna, o cenário é de total irresponsabilidade. Parlamentares governistas acusam os bolsonaristas de sequestrar a pauta legislativa para proteger “o chefe preso em casa” e de usar o Parlamento como palanque político antecipado. “O povo paga o salário e eles entregam novela ruim”, ironizou um deputado da base.
Enquanto isso, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tentam retomar a normalidade, mas enfrentam resistência. Com a promessa de vigília permanente, a sensação é de que o Brasil está preso no episódio piloto de uma série de mau gosto — e a conta, como sempre, chega todo mês para o contribuinte.
Prisão domiciliar de Bolsonaro
A ordem de prisão domiciliar foi determinada por Alexandre de Moraes na última segunda-feira (4), após o STF entender que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares impostas no âmbito das investigações sobre tentativa de golpe e ataques às instituições democráticas. Entre as proibições violadas estariam o uso de redes sociais e contato com investigados.
Parlamentares envolvidos na obstrução
Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) — foi um dos articuladores da ocupação das mesas diretoras e da permanência dos senadores no plenário
- Senador Rogério Marinho (PL-RN) — líder da oposição no Senado, anunciou o movimento e coordenou o bloqueio das sessões
- Deputado Sóstenes Cavalcante (PL‑RJ) — líder do PL na Câmara, afirmou que estavam “prontos para a guerra” e que os parlamentares fariam revezamento usando longa obstrução
- Outros deputados pró-obstrução identificados incluem:
- Nikolas Ferreira (PL‑MG)
- Luciano Zucco (PL‑RS)
- Allan Garcês (PP‑MA)
- Caroline de Toni (PL‑SC)
- Marcos Feliciano (PL‑SP)
- Domingos Sávio (PL‑MG) YouTube+3Poder360+3Poder360+3Wikipédia+3Senado Federal+3YouTube+3.
- Também participaram, especialmente no Senado:
- Senador Wilder Morais (PL‑GO)