Uma multidão tomou conta da Avenida Paulista, em São Paulo, na noite desta quinta-feira (10), em protesto contra o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e em defesa da taxação dos super-ricos no Brasil.
A manifestação, que começou em frente ao MASP e ocupou os dois sentidos da avenida, bloqueando o tráfego na região central da capital paulista.
Organizado por movimentos sociais, centrais sindicais e entidades populares, o ato teve como principal pauta a rejeição à tarifa de 50% que os EUA pretendem impor sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida foi anunciada por Trump em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e gerou forte reação de representantes do governo, incluindo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Além da crítica à medida protecionista, os manifestantes levantaram bandeiras históricas da luta popular, como a taxação de grandes fortunas, o fim da jornada de trabalho 6×1 e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Faixas e cartazes também exigiam respeito à soberania brasileira e denunciavam articulações de bastidores atribuídas à família Bolsonaro para influenciar o tarifaço.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) fez duras críticas à influência dos Estados Unidos sobre a política brasileira e ironizou os protestos bolsonaristas durante a manifestação cujo mote principal é a soberania nacional, sob o lema “O Brasil é dos brasileiros”, que tomou as ruas da Avenida Paulista nesta quinta-feira (10).
“Antes, no século passado, os EUA gritavam e a perna tremia. O embaixador vinha aqui pra tentar dar golpe, como em 64. Acabou! O Trump que vá cantar de galo no terreno dele. Aqui não”, afirmou Boulos durante o protesto.
Durante o ato, gritos de “sem anistia” ecoaram na Paulista em referência ao Centrão e ao ex-presidente Jair Bolsonaro, apontados por organizadores como responsáveis por ataques à democracia e à economia brasileira.
Lideranças de sindicatos e movimentos afirmaram que novos protestos devem ocorrer nas próximas semanas, caso o governo dos EUA mantenha a decisão de sobretaxar os produtos brasileiros. “Nossa luta é para proteger a economia nacional e exigir justiça fiscal. Queremos que os mais ricos paguem a conta, não os trabalhadores”, disse uma das organizadoras do ato.