No sábado, 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos, a partir das 17h30, a região central da cidade será ocupada por cerca de 150 pessoas, que formam um coletivo de artistas, para a encenação de “O Auto de Elesbão”, baseado no livro do pesquisador Valdir Oliveira.
O auto, em forma de cortejo teatral, percorrerá a Praça Bento Quirino, no Centro, até o Largo Santa Cruz, no Cambuí. Narra a história da cidade de Campinas e de Elesbão, o primeiro escravizado enforcado e decapitado abrindo o precedente para enforcamentos públicos na cidade.
O cortejo contará, por meio de narrações, encenação, dança e música a história da cidade e o julgamento, condenação e execução do jovem escravizado Elesbão.
Para contar a saga, 80 alunos, com idade entre 14 e 60 anos, do curso de teatro da Rede Usina Geradora e Estação Cultura interpretarão os principais personagens da história. Grupos de cultura popular tradicional também estarão fazendo parte do cortejo e irão desempenhar papéis importantes na narrativa.
A produção, iluminação e figurino do auto caberão às turmas dos cursos realizados pela Rede Usina Geradora, Escola Municipal de Cultura e Arte – EMCeA e Laboratório de Produção Cultural da Estação Cultura.
O público poderá sentir a experiência de estar dentro da história da cidade vivenciando a memória social e envolver-se com a trilha composta de cantos e toques de tambores.
Elesbão
O autor da obra, Valdir Oliveira , durante sete anos pesquisou todo o processo de condenação no Arquivo do Tribunal de Justiça, que faz parte do acervo do Centro de Memória da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O escravizado Elesbão foi condenado por assassinato do capitão Luiz José de Oliveira, dono do Engenho Romão, terras entre a Vila de Jundiaí e a estrada que seguia para Itu. No ato teriam participado escravizados fugidos da fazenda do capitão que viviam em um quilombo para os lados de Belém (atual Itatiba).
Elesbão, um adolescente, foi considerado o responsável pelo crime apesar de, até o momento da morte, ter jurado inocência. No dia do crime, ele foi detido e levado para São Paulo, juntamente com Narciso, outro escravizado, ambos fugiram da cadeia.
Narciso foi recapturado e enforcado em São Paulo no ano de 1833. Elesbão voltou para Campinas e viveu escondido no Engenho Romão até 1835, quando foi capturado por capitães do mato e só então sentenciado à pena de morte. Ele foi levado da Praça Bento Quirino (onde ficava a cadeia) em um cortejo até o Largo Santa Cruz, onde a primeira forca da cidade foi instalada. A sentença determinou que sua cabeça fosse enviada para Jundiaí, e as mãos ficassem expostas em postes instalados em locais públicos, para servir de exemplo.
Havia uma determinação do imperador D. Pedro I para que as forcas fossem erguidas dois dias antes do cumprimento da sentença e retiradas dois dias depois. Em Campinas, ela permaneceu na praça até 1848, servindo a uma série de enforcamentos e depois transferida para o Campo da Alegria (hoje, Praça Sílvia Simões Magro — Largo São Benedito), onde permaneceu por alguns anos, até que numa noite foi incendiada por parte da população, que se mobilizou em uma campanha para acabar com os enforcamentos na cidade.
Auto de Elesbão
Cortejo Teatral – Coletivo de artistas
Quando: sábado, 10 de dezembro, a partir das 17h30
Início: Praça Bento Quirino (R. Barão de Jaguara com Av. Bejamin Constant – Centro) até o Largo Santa Cruz (Rua Santa Cruz, Cambuí)
Percurso – ruas Sacramento, Marechal Deodoro, Dr. Quirino, R. Major Sólon
Gratuito