Os pré candidatos as eleições 2018 contam com votos de protesto e ausência do eleitor nas urnas. Alguns cientistas políticos e formadores de opinião temem que a abstenção eleitoral fragilize a democracia no país.
Para falar sobre o assunto nossa reportagem procurou o economista, pós graduado em ciência política, doutor em ciência econômica, professor e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Márcio Pochmann.
De acordo com Pochmann, numa realidade não muito distante, o direito de votar no Brasil era restrito aos homens da elite intelectual, os cavalheiros letrados. Após uma série de manifestações, em 1930, as chamadas sufragistas – mulheres que lutavam pelo direito de votar -, o país se transforma num dos pioneiros do voto feminino. Os iletrados só depositariam o voto na urna, no ano de 1985, na primeira eleição após a ditadura.
Sobre os votos em branco, nulos e abstenções, o professor adverte que esse processo não altera o resultado das eleições. “Há um total descrédito nas eleições, desde 1989, onde apenas 2/3 dos deputados federais, não foram aprovados pela população. A taxa de renovação na bancada federal foi de 45%. Nessa eleição acredito que a renovação será menor. O eleitor vai acabar elegendo os mais conhecidos, isso se deve ao prazo mais curto de campanha, o que contribui com o conservadorismo”, diz Pochmann.
O cientista lamenta que a maior parte da sociedade está alheia ao tema da política e desestimuladas a votar. Com isso, abre possibilidades para manter no poder sempre os mesmos, ou seja, não há renovação e prevalece o conservadorismo representado pela direita no Brasil.
“O voto de protesto, ganha amplitude na política e abre possibilidades para um quadro mais preocupante, pois ausência do eleitor alimenta os movimentos conservadores. É importante que os cidadãos votem, para que o Brasil possa encontrar o seu rumo, e que a reprovação dos políticos, seja feito nas urnas”, alerta Márcio.
Segundo ele, o voto apolítico, a abstenção, o voto em branco e nulo é uma técnica adotada pelos conservadores da direita. Os políticos criaram uma cilada ao eleitor, aproveitando os descréditos da atual conjuntura política do país. “É contraditório, mas dessa forma, os conservadores da direita, se mantém no poder, uma prática muito comum em outros países, principalmente nos Estados Unidos, como vimos na eleição de Donald Trump”, conclui.
Abstenções
Em 2016, os votos em branco e nulos somados às abstenções venceram o primeiro turno das eleições municipais. O voto de protesto cresceu também nas grandes capitais como Rio de Janeiro e São Paulo. O voto obrigatório, não tem mais o peso, que tinha sobre as pessoas, e as punições não são suficientes para levar o eleitor às urnas.