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terça-feira, junho 24, 2025

Professora tira a roupa para fazer compras após sofrer racismo em supermercado

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Isabel tentou ligar em uma delegacia para registrar a ocorrência, mas foi questionada pelo agente, que teria questionado a denúncia. De acordo com ela, no atendimento a polícia informou que a situação não caracterizava racismo e que o segurança do Atacadão estava “cumprindo o papel dele”.

 

 

A professora Isabel Oliveira, de 43 anos, tirou a roupa dentro de um supermercado da rede Atacadão, em Curitiba, na sexta-feira (7), para denunciar um caso de racismo cometido contra ela no estabelecimento. Em um vídeo, viralizado no domingo (9), ela explica, chorando e bastante entristecida, que foi seguida por pelo menos 30 minutos por um segurança do supermercado enquanto fazia compras para a Páscoa programada por sua família.

Ao notar que o segurança a seguia por todos os lugares que ia, a professora o aguardou e questionou se ela “oferecia algum risco para a loja, porque eu tinha notado que desde a hora que entrei, ele estava andando atrás de mim no mercado. E aí ele (segurança) virou às costas e disse que não, que estava cuidando do setor, que era função dele”, descreveu Isabel. Ela chegou a deixar o estabelecimento sem fazer as compras, mas decidiu retornar com o marido e tirar as roupas, ficando apenas de calcinha e sutiã, como forma de protesto e para mostrar que não oferecia perigo. Em seu corpo, ela escreveu “sou uma ameaça?”.

“Eu tive que fazer um escândalo, pedindo para ser tratada com dignidade. E eu preciso fazer essa denúncia aqui porque a gente não pode continuar sendo tratado como marginal. Eu só entrei para fazer minhas compras, não estava oferecendo risco nenhum para ninguém”, desabafou Isabel aos prantos.

https://twitter.com/WagnerS43637829/status/1645140342260236290?s=20

 

O protesto

Ainda no feriado, Isabel afirmou na gravação que tentou ligar em uma delegacia para registrar a ocorrência, mas foi questionada pelo agente, que teria questionado a denúncia. De acordo com ela, no atendimento a polícia informou que a situação não caracterizava racismo e que o segurança do Atacadão estava “cumprindo o papel dele”.

“O papel dele deve ser perseguir uma pessoa preta dentro do mercado? E hoje fui eu a bola da vez. Não dá para admitir ser tratada assim, gente. Não dá para ser tratado como se sempre fosse uma ameaça”, contestou a professora.

“Isso não pode ficar assim. Eu tenho dois filhos e não quero que eles passem por isso”, acrescentou. Isabel também justificou o protesto ao pagar sua compra, para a atendente do caixa do supermercado. “Quando eu vim vestida, havia um segurança atrás de mim. Eu voltei, agora nua, para levar a latinha de leite para a minha bebê e mostrar que não estou roubando nada”.

 

 

O que diz a empresa

Em nota à imprensa, o Atacadão negou “indícios de abordagem indevida”. Segundo a empresa, foram ouvidos os funcionários e as imagens das câmeras de segurança também foram analisadas. “Lamentamos que a cliente tenha se sentido da maneira relatada, o que, evidentemente, vai totalmente contra nossos objetivos. A empresa possui uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento discriminatório ou abordagem inadequada”, alegou.

O Atacadão argumentou ainda que realiza treinamento rotineiro com funcionários para que essas ações não aconteçam. “Ressaltamos, ainda, que nosso modelo de prevenção tem como foco o acolhimento aos clientes, com diretrizes de inclusão e respeito que também são repassadas aos nossos colaboradores por meio de treinamentos intensos e frequentes”, conclui a nota.

A professora afirma, porém, que a empresa não a procurou. Isabel também confirmou que registrará um boletim de ocorrência nesta segunda (10) para denunciar o caso.

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