Mesmo diante das incertezas do mercado nesse tempo de pandemia, quando qualquer diagnóstico é impreciso diante da imprevisibilidade dos acontecimentos nos próximos meses, o mercado floricultor brasileiro começa a criar um certo otimismo de recuperação.
O motivo é a mudança do comportamento dos consumidores nos últimos meses que, motivados pelas campanhas sobre os benefícios das flores e plantas ornamentais nos lares, começaram a desfrutar do prazer de conviver com a natureza durante o confinamento social. Também teve forte contribuição na retomada das vendas a maior dinâmica da comercialização implantada pelas cooperativas, associações de produtores, gardens e floriculturas.
“Essa maior importância para as flores e plantas dentro dos seus ambientes, das casas, dos jardins e das varandas estimularam as vendas dos produtos em vaso. No entanto, para as flores de corte a situação continua grave e dependerá muito de quando e em que condições voltarão os eventos, as festas e os casamentos”, lembra o diretor do Ibraflor – Instituto Brasileiro de Floricultura, Renato Opitz, ao informar que o mercado de decoração representa cerca de 30% da floricultura nacional.
“O aumento das vendas, agora, infelizmente, não significa que os prejuízos nos meses anteriores foram recuperados. Nos primeiros meses de pandemia, os produtores tiveram que descartar parte de sua produção, pois não havia mercado para estas flores, com especial destaque para as flores de corte, devido ao cancelamento dos casamentos, formaturas e festas em geral. Assim, teremos que esperar para conhecer quais serão as regras para que esses eventos voltem a acontecer.
Como a maior parte foi remarcada para 2021, no ano que vem a expectativa é a de que teremos uma demanda bastante grande. Nesse caso, o setor de flores de corte poderá se beneficiar dessa demanda que está reprimida e o produtor precisa se preparar para isso”, analisa.
Os produtores, que tiveram que reduzir o plantio para tentar equilibrar a oferta e a baixa demanda no início da pandemia, começam a retomar a produção. Em 2020, o setor vinha bem até o começo de março e as expectativas eram de um crescimento da ordem de 10% a 12%.
Com a pandemia, a avaliação deste primeiro semestre de 2020 registra uma queda de 30% nas vendas, com relação ao mesmo período do ano passado. “Não está nada bom, mas mediante o cenário que estava em março, até que é razoável. Neste momento estimamos que o crescimento este ano, deve ser em torno de 5% em relação a 2019”, estima Renato Opitz.