32.9 C
Campinas
sábado, dezembro 27, 2025
spot_img

Risco de acidentes em barragens regionais preocupa Congeapa

Data:

Rio Jaguari é um dos alvos da barragem em Pedreira
Rio Jaguari é um dos alvos da barragem em Pedreira

A construção e a fiscalização das barragens de responsabilidade do governo do Estado em Amparo e Pedreira, na divisa com Campinas, viraram motivos de preocupação para o Congeapa (Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental de Campinas).

Presidente do órgão, Rafael Moya, falou em “dúvidas” quanto aos impactos social e ambiental gerados pelo projeto, orçado em R$ 1,1 bilhão. Moya destacou a possibilidade de acidentes ambientais por possível falta de fiscalização.

“O Congeapa analisou o processo e ficou com dúvidas sobre questões da obra. A qualidade da água, a segurança, os impactos na fauna e na flora não ficaram esclarecidas. Uma das propostas é com o barramento transportar para outro lado da barragem os peixes em caminhões quando houver concentração das espécies de um lado (do rio). Não há credibilidade”, comentou.

Ainda de acordo com o presidente, os órgãos ambientais devem se atentar para a fiscalização da área alagada, tendo em vista a tragédia ocorrida em Mariana (MG), onde ao menos 11 pessoas morreram e cidades foram destruídas após o rompimento de barragem de mineração.

“Houve negligência dos órgãos municipais, estaduais e federais em Mariana. O Congeapa parte do pressuposto que haverá fiscalização da área alagada”, disse. “Qualquer barragem que não for fiscalizada existe o risco de romper, mas causa preocupação considerando o sucateamento dos órgãos ambientais”, declarou Moya.

Nas barragens de Amparo e Pedreira, segundo o Congeapa, há riscos da elevação da poluição atmosférica e problemas da qualidade da água com o barramento de esgoto, uma vez que municípios vizinhos despejam dejetos nos rios Jaguari e Camanducaia, alvos das barragens regionais.

“Se alagar a vegetação gera dióxido de carbono na atmosfera, aumentando a poluição do ar e outra questão é o barramento de esgoto que vai de encontro à qualidade da água”, pontuou.

O conselho defende a recuperação de nascentes para combater a crise hídrica.  No total, a barragem de Pedreira compreenderá área de 4,3 quilômetros quadrados e armazenará 26,3 milhões de metros cúbicos. Em Amparo, a área será de 7,6 quilômetros quadrados e capacidade para armazenar 41 milhões de metros cúbicos.

Diante dos efeitos, o Congeapa enviou este mês questionamentos ao Daee (Departamento de Água e Energia Elétrica) e aguarda respostas para o andamento dos estudos de impacto social e ambiental.

Parecer

Pelo parecer técnico da Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, há potencial de “perdas de vidas humanas”, é “muito significativo o impacto ambiental” e há “alto impacto socioeconômico” por conta da “concentração de instalações residenciais, comerciais, agrícolas e industriais”. O dano potencial das obras foi classificado com 27 pontos – acima de 16 coloca o risco de dano em nível alto.

Sem prazo

Inicialmente, a previsão de término das obras havia ficado para o início de 2018 e a construção de adutoras em dezembro de 2018. Os prazos, porém, foram alterados, informou o Consórcio PCJ. Segundo o PCJ, não há previsão para início e término da construção das duas barragens, “que são muito importantes para a ampliação da oferta de água nas Bacias PCJ”, disse, em nota.

Ainda conforme o consórcio, os impactos ambientais da obra são as desapropriações de áreas onde residem famílias e prejuízo da vegetação nativa, minimizadas com ações de compensação ambiental a serem definidas pelos órgãos reguladores.

No total, 14 municípios serão beneficiados, entre eles Campinas, Sumaré, Hortolândia, Vinhedo e Valinhos.

Um dos principais pontos do projeto é a construção de uma adutora de cerca de 20 quilômetros que transportará água ao Rio Atibaia, responsável pelo abastecimento de 95% da população de Campinas. O sistema adutor elevará a vazão do rio para 7m³/s.

A crise se intensificou na região devido à dependência da maioria das cidades ao Sistema Cantareira, que, apesar da chuva, ainda opera com o chamado “volume morto”. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) projeta que o conjunto de reservatórios, que abastece cerca de 14 milhões de habitantes das regiões de São Paulo e Campinas, deve sair do vermelho em abril de 2016.

Esgoto

Com relação aos esgotos lançados nos corpos d’água nos rios apontados pelo Congeapa, o PCJ informou que existem ações para a implantação de estações de tratamento de esgoto em diversos municípios ao longo dos rios Camanducaia e Jaguari para minimizar o impacto ambiental.

O Daee mencionou a realização de audiências públicas para debater e receber sugestões sobre os estudos de implantação das barragens e em relação às declarações do Congeapa, afirmou contar com “equipe técnica competente e experiente. Vale lembrar que nenhuma obra será realizada sem o embasamento e a chancela de estudos técnicos rigorosos e criteriosos”, garantiu o órgão, em nota.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe esse Artigo:

spot_img

Últimas Notícias

Artigos Relacionados
Relacionados

A flotilha Yaku Mama chega a Belém após viagem de 25 dias pelo Amazonas para cobrar ações na COP30

Formada por mais de 60 lideranças ambientais, partiu do...

PF destrói 49 embarcações em nova ofensiva contra garimpo ilegal no Rio Madeira

Operação Hefesto II apreende celulares e mercúrio, mira financiadores...

Lula diz que Brasil sediará COP 30 com “autoridade de quem dá exemplo” e defende pesquisa de petróleo

Em agenda na Indonésia, presidente afirma que País lidera...

Alckmin abre Pré-COP em Brasília com foco em metas climáticas e pressão por compromissos globais

Reunião ministerial prepara terreno para a COP30, que será...
Jornal Local
Política de Privacidade

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) já está em vigor no Brasil. Além de definir regras e deveres para quem usa dados pessoais, a LGPD também provê novos direitos para você, titular de dados pessoais.

O Blog Jornalocal tem o compromisso com a transparência, a privacidade e a segurança dos dados de seus clientes durante todo o processo de interação com nosso site.

Os dados cadastrais dos clientes não são divulgados para terceiros, exceto quando necessários para o processo de entrega, para cobrança ou participação em promoções solicitadas pelos clientes. Seus dados pessoais são peça fundamental para que o pedido chegue em segurança na sua casa, de acordo com o prazo de entrega estipulado.

O Blog Jornalocal usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Confira nossa política de privacidade: https://jornalocal.com.br/termos/#privacidade