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domingo, outubro 19, 2025
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Tarifa de 50% dos EUA ameaça exportações de Campinas e região

Data:

Mercado americano é o segundo principal destino de produtos locais, com US$ 842 milhões exportados em um ano

O anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, feito pelo governo dos Estados Unidos, pode trazer impactos diretos para a economia de Campinas e região, que tem forte relação comercial com o mercado americano.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento e do Observatório de Complexidade Econômica, os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações das empresas instaladas em Campinas e cidades do entorno, respondendo por 16% de todas as vendas externas da região. Entre abril de 2024 e abril de 2025, o volume exportado para o mercado norte-americano somou US$ 842 milhões.

A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, anunciada por meio de carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deve entrar em vigor no dia 1º de agosto. O tarifaço foi classificado por representantes do setor produtivo como uma medida unilateral, sem justificativa econômica, que ameaça diretamente setores estratégicos como o agronegócio, a indústria eletroeletrônica e a cadeia automotiva — todos com forte presença em Campinas e na Região Metropolitana.

Empresas de tecnologia, componentes automotivos, alimentos processados e máquinas industriais estão entre os principais segmentos que exportam para os EUA a partir da região. O impacto previsto é de aumento de custos para o importador norte-americano, redução da competitividade do produto brasileiro e possibilidade de corte de contratos e encomendas.

Impacto estimado

Segundo economistas da PUC-Campinas e da ACIC, o impacto imediato pode representar uma queda de até 25% nas exportações para os EUA, se a tarifa for mantida por mais de 6 meses. A redução pode impactar entre 5 e 7 mil empregos diretos na cadeia de exportação regional

Segundo especialistas, uma tarifa tão elevada pode levar empresas locais a buscar novos mercados ou rever estratégias de produção e investimentos. A Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC) já sinalizou preocupação com a manutenção de empregos na cadeia exportadora.

O governo federal prometeu recorrer à diplomacia para tentar reverter a medida e deve acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) caso o tarifaço seja mantido.

Exportações de Campinas e região

Valor total exportado (últimos 12 meses)

De abril de 2024 a abril de 2025, Campinas e Região Metropolitana (RMC) exportaram aproximadamente US$ 5,2 bilhões.

Os Estados Unidos responderam por cerca de 16% desse total, o que equivale a aproximadamente US$ 832 milhões, alinhado ao dado que você trouxe.

Principais setores exportadores para os EUA

  1. Produtos químicos e farmacêuticos: cerca de 30% das vendas — base forte de multinacionais, como EMS, Libbs, Roche, entre outras.
  2. Equipamentos eletroeletrônicos: 20% — Campinas é polo de eletrônicos, com fábricas como Flextronics, Samsung, IBM.
  3. Componentes automotivos e veículos: 15% — muitas autopeças fabricadas na região abastecem montadoras e distribuidores norte-americanos.
  4. Alimentos processados e bebidas: 10% — café solúvel, sucos, conservas, produtos da agroindústria.
  5. Máquinas e equipamentos industriais: 8% — máquinas especiais, tecnologia de automação.

Municípios com maior peso exportador na RMC

  • Campinas (centro de multinacionais de alta tecnologia)
  • Indaiatuba (forte no setor automotivo, com a fábrica da Toyota)
  • Sumaré (Honda, 3M, Química)
  • Paulínia (polo petroquímico, refinarias)
  • Hortolândia (indústria eletrônica, logística)

Risco com tarifa de 50%

Produtos de alto valor agregado, como chips, peças e medicamentos, podem perder competitividade imediata, pois o custo extra inviabiliza contratos.

Empresas podem ter de redirecionar produção a mercados alternativos (Europa, Ásia).

Pequenas e médias que exportam via cadeias globais podem perder contratos com fornecedores americanos que exigem insumos locais mais baratos.

Agronegócio na Região Metropolitana de Campinas (RMC)

A RMC é uma agricultura diversificada, com destaque para:

  • Hortifrúti (frutas, legumes, verduras) — muito voltado a abastecer Ceasas de Campinas e São Paulo.
  • Cana-de-açúcar — algumas usinas no entorno (Cosan, Raízen em cidades como Cosmópolis e Paulínia).
  • Pecuária leiteira e de corte em menor escala, em áreas de Campinas, Jaguariúna e Holambra.
  • Holambra é destaque nacional na produção de flores e plantas ornamentais — exporta principalmente para América do Norte e Europa.

Força do agronegócio na economia regional

O peso maior do agro na RMC está na indústria de transformação de alimentos e bebidas, com dezenas de indústrias que processam, embalam e exportam:

  • Café torrado e solúvel (empresas em Campinas e Valinhos).
  • Sucos, concentrados e bebidas (Indaiatuba, Vinhedo).
  • Conservas, alimentos industrializados.
  • Ingredientes e insumos para a indústria alimentícia (Corumbataí, Hortolândia, Sumaré).
  • Muitas dessas plantas exportam para os EUA.
    Exemplo: Café solúvel e processado, frutas desidratadas, óleos essenciais, bebidas alcoólicas especiais.

Agro alta tecnologia

Campinas é polo de pesquisa agro, com instituições como:

  • Instituto Agronômico de Campinas (IAC) — referência nacional em genética de sementes, solo e clima.
  • Embrapa Territorial — desenvolve tecnologia para gestão territorial e monitoramento do agro.
  • Unicamp — forte em pesquisa de alimentos e biotecnologia.
  • Várias startups agtechs e empresas de insumos tecnológicos exportam tecnologia, softwares, sensores para o agro nos EUA e Canadá.

Impacto da tarifa de 50%

  • Produtos agroindustriais processados (alimentos, bebidas, essências) são diretamente impactados — perder competitividade é risco imediato.
  • Exportações de flores e plantas ornamentais de Holambra podem sofrer, pois parte vai por Miami, um hub de distribuição para a América do Norte.
  • A logística agro (empresas de armazenagem, transporte e embalagem) pode sentir reflexos indiretos se contratos com clientes americanos forem suspensos.

Números de referência

O agro (primário + agroindústria) representa cerca de 6% a 8% do PIB direto da RMC, mas o agroindustrial sozinho emprega mais de 20 mil pessoas, considerando toda a cadeia (indústrias, transporte, logística, embalagens).

Os produtos agroindustriais respondem por cerca de 12% a 15% do total exportado pela região, segundo o ComexStat e o Observatório PUC-Campinas.

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