Para tentar manter a Toyota, dirigentes do sindicato se reuniram com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, e com o governador paulista, Rodrigo Garcia. Também manteve conversas com técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado e ainda com representantes do sindicato dos metalúrgicos do Japão. Foto ADONIS GUERRA/ SMABC
Após quase dois meses de negociações e tentativas, a Toyota confirmou ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) que irá fechar sua unidade em São Bernardo do Campo. É não apenas a primeira fábrica da empresa no Brasil, inaugurada em 1962, mas a primeira linha de montagem construída fora do Japão. Essa unidade tem aproximadamente 580 funcionários. O anúncio foi feito em 5 de abril, surpreendendo os metalúrgicos, que recebiam informações no sentido contrário – a fábrica era vista como viável e lucrativa.
“Depois de todos os esforços pela manutenção da planta em São Bernardo, a Toyota reafirmou o fechamento da unidade e as negociações para a permanência da fábrica na cidade se esgotaram”, lamentou a direção do sindicato.
Segundo o presidente da entidade, Moisés Selerges, a mobilização agora é no sentido de garantir as melhores condições possíveis para os trabalhadores no processo de saída e de transferência das atividades. “Desde o anúncio da decisão da montadora, o sindicato fez todos os esforços para garantir a permanência da empresa em São Bernardo, assim como dos empregos que ela gera, tanto diretos quanto indiretos.”
Proposta recusada
Os metalúrgicos chegaram a elaborar uma proposta, junto com a subseção do Dieese no sindicato, que previa um acordo para os três próximos anos, mas a direção da montadora não quis abrir negociação. “Infelizmente, diante da decisão da Toyota, o sindicato continuará dispondo de toda força e luta para assegurar as melhores condições para os trabalhadores que optarem por ser transferidos e para aqueles que, porventura, decidirem ser desligados da empresa”, acrescentou o diretor administrativo Wellington Messias Damasceno.
Para tentar manter a Toyota, dirigentes do sindicato se reuniram com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, e com o governador paulista, Rodrigo Garcia. Também manteve conversas com técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado e ainda com representantes do sindicato dos metalúrgicos do Japão.
“O sindicato o tempo todo vinha cobrando investimentos da Toyota em São Bernardo para garantir o futuro da planta, já que a empresa sempre afirmou que se tratava de uma unidade lucrativa, produtiva e que seria preservada”, observou Wellington. Em 2013, por exemplo, os presidentes dos sindicatos do ABC (Rafael Marques à época) e de Sorocaba (Ademilson Terto da Silva) visitaram a fábrica da Toyota em Tahara, no Japão, e já manifestaram a necessidade de garantir investimentos e desenvolvimento de novos projetos no Brasil.
A fábrica de São Bernardo surgiu fabricando o Toyota Bandeirante. Há alguns anos produz peças e componentes para as fábricas de Indaiatuba e Sorocaba (veículos Corolla), onde fica a sede administrativa, além de Porto Feliz (unidade de motores).