Faltando apenas quatro anos para o inicio da operação do Trem de Alta Velocidade (TAV), ligando Campinas ao Rio de Janeiro, o projeto de US$ 15 bilhões, em parceria entre governo e iniciativa privada vêm tendo grandes complicações e o traçado continua sendo o principal problema.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) enfrenta dificuldade no Campo de Marte, onde pretende desativar o aeroporto, que é o quinto em maior movimentação no país. A desativação visa à instalação de uma das estações e é duramente criticada pelos pilotos. “À frente de aeroportos como o Santos Dumont, mesmo sem linhas aéreas regulares. O aeroporto tem um papel estratégico na formação econômica de São Paulo. Não é sensato desprezá-lo, pelo contrário, o ideal é estimular criando meios para trazer novas empresas para servir uma população carente que habita cidades menores com voos diretos e regulares”, divulgou em nota a ACECAM (Associação do Aeroporto Campo de Marte).
Em Campinas, estavam previstos 4,5 quilômetros de túneis, partindo da Rodovia Santos Dumont até a primeira estação a ser construída dentro de Viracopos e mais 2,3 quilômetros entre o aeroporto e o Centro. Porém existe uma nova versão, onde o trem passará pelo subsolo desde o momento em que entra na cidade.
Na área central a proposta inicial da ANTT indica a implantação da estação junto à Estação Cultura. “A Prefeitura de Campinas reivindicou que essa estação seja construída junto ao Complexo do Terminal Multimodal e a ANTT já indicou a viabilidade de adequação do projeto para que a estação seja implantada no local indicado pela Prefeitura”, disse o gerente de Planejamento e Projetos de Infraestrutura da EMDEC, Deslandi Torres, que é o responsável por acompanhar todas as discussões relacionadas ao TAV.
O trecho entre o aeroporto e a região central, cerca de 10 quilômetros, ainda está sendo definido. A proposta inicial da ANTT é que o trajeto de Viracopos à região central seja feito pela superfície. “A Prefeitura de Campinas reivindicou, e certamente será atendida, que a linha seja subterrânea a partir do cruzamento em desnível com a Avenida Alberto Sarmento. Desta forma, a estação central no Complexo Multimodal também deverá ser subterrânea e não na superfície, como inicialmente proposto pela ANTT”, completou Torres.
O maior problema em Campinas gira em torno de Viracopos e seus moradores, para Eliza Novak, da Associação de moradores de Viracopos, os pequenos produtos que estão ali à gerações, serão os mais prejudicados e terão sua cultura abalada. “Fizeram desta terra seu sustento e forma de vida, desenvolveram sua cultura e estabeleceram neste lugar profundos laços afetivos e familiares. Dizer para nós, proprietários rurais que sobrevivemos do que plantamos e criamos nesta terra, que o aeroporto trará desenvolvimento nos dá grande tristeza e insegurança”, disse Eliza.
Os estudos preveem que em Campinas, o trem partirá da Estação Cultura até Viracopos e chegará a São Paulo no Campo de Marte. De lá, irá para Guarulhos, com parada no Aeroporto de Cumbica, seguindo para a Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro, e Aeroporto do Galeão. A cidade de São José dos Campos (SP) e Rezende (RJ) serão as paradas intermediárias. A velocidade máxima do veiculo chega a 300km/h, e o trecho a ser percorrido é de 518 quilômetros.