
A última contagem da população em situação de rua realizada pela Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social de Campinas, no mês de fevereiro, apontou uma queda de 12,3% no número de pessoas abordadas. Foram contabilizadas 563 pessoas em situação de rua neste ano, em 2014 o número era de 642. O objetivo da contagem é identificar o perfil desse público que utiliza as ruas como espaço de moradia, vivência ou sobrevivência para direcionar a política pública de acolhimento a essa população.
A secretária da Pasta, Jane Valente, acredita que a queda do número de pessoas nas ruas mostra os resultados das inúmeras ações que vem sendo realizadas pelo Poder Público nesta área que apresenta alto grau de complexidade.
“A implementação de serviços de atendimento a essa população nos territórios, a ampliação de unidades de acolhimento institucional, a inclusão de pessoas em situação de rua no Programa Recomeço – que oferece tratamento gratuito para dependentes químicos e o Projeto de Recâmbio que referencia pessoas à cidade de origem com acompanhamento social, são algumas ações que a secretaria vem realizando e que a médio prazo, com certeza trará bons resultados para minimizar a situação dessas pessoas que hoje fazem das ruas seu local de moradia e sobrevivência”, colocou a secretária.
A secretária enfatizou que desde o início desta gestão foram implementados vários serviços para as pessoas em situação de rua. Atualmente, todas as regiões de Campinas contam com educadores sociais –profissionais que atuam nas ruas identificando essa população. Também foram implementadas a casa depassagem, o abrigo para mulheres e o Centro Pop na região central da cidade.
Resultados positivos
Alguns resultados positivos já vêm sendo contabilizados. Por intermédio do Projeto Recâmbio, 227 pessoas retornaram para sua cidade de origem nos últimos seis meses. Em 2014, o Programa de Recâmbio teve ampliação de recursos o que permitiu o redirecionamento de mais pessoas às suas cidades de origem com maior qualificação dos serviços no referenciamento do usuário aos serviços de assistência da cidade de origem e de acompanhamento nessas cidades, para garantir apoio e acolhimento nas famílias e na sociedade.
Os principais destinos foram identificados, em ordem decrescente, como as cidades do Estado de São Paulo, representando 48,9% do total, seguido do por Minas Gerais com 15% e, na sequência Bahia (7,9%) e Paraná (7%).
A adesão de Campinas ao programa Recomeço tem proporcionado o tratamento voluntário de pessoas usuárias de substâncias psicoativas, inclusive o álcool, em entidade especializada, ofertado por meio do Cartão Recomeço. O programa teve 35 encaminhamentos para exames, resultado do trabalho de apoio e conscientização que vem sendo realizado junto à população em situação de rua.
Outro dado interessante diz respeito aos egressos do sistema prisional. Dentre as pessoas entrevistadas, 190 são egressos, que representam 33,7% do total. Esse número é 12,4% menor que o número de 2014, quando foram contabilizados 217 egressos. Isso representa mais uma conquista, visto que os serviços de apoio ofertados pela assistência possuem adesão voluntária.
Perfil
Das 563 pessoas entrevistadas a maioria, 478, são homens, que representam 85% do total e, 229 estão acolhidas em serviços para pessoas em situação de rua. As mulheres equivalem a 15% dessa população, na ocasião, foram abordadas 85 pessoas do sexo feminino. Em 2014 foram registradas 106 mulheres nas ruas da cidade.
A queda do número de mulheres nas ruas, é apontada pela equipe como resultado da implantação do abrigo feminino. O espaço atende atualmente 18 mulheres e seus filhos com a oferta de proteção integral, para que as mães possam se reorganizar e construir estratégias de autonomia e sustentabilidade financeira.
Do total de pessoas entrevistadas, 334 são consideradas munícipes, por viverem há mais de dois anos em Campinas, número que corresponde a 59,3%. Dessas, 277 pessoas estão efetivamente nas ruas e 57 oscilam entre a rua e suas casas.
Entre os entrevistados, 83,7% assumiram usar substâncias psicoativas. Deste total 72,4% afirmaram a predileção pelo uso de álcool, seguido do cigarro com 41,9% dos entrevistados e, somente em terceiro lugar aparece o “crack”, utilizado por 33,9%. Outro dado relevante é que 21,7% do total de usuários dedrogas usam exclusivamente o álcool.
O levantamento ocorreu nas cinco regiões da cidade. A região Leste que inclui o Centro concentra 49% dos entrevistados. Os técnicos explicam esse aglomerado porque na região central está a maioria dos serviços de apoio e as ações dos trabalhos voluntários com distribuição de comida. Mas ressaltam que o trabalho realizado pela SMCAIS abrange todas as regiões com serviços públicos e de entidades cofinanciadas e que essa realidade vem sendo trabalhada ano a ano.