A Semana Santa tem o caráter de fazer memória dos passos de Jesus desde sua agonia até a glória. O Cristo está vivo. Ao meditar seus sofrimentos e sua vitória pode-se também exercitar a reflexão dos próprios atos que são executados no cotidiano que tem pressa. Uma Semana Maior no seu significado, visto sempre à luz da entrega do Bom Pastor que convida as pessoas a se deixarem iluminar pelos raios de Sua ressurreição.
Tal semana constitui oportunidade de um descanso das atividades profissionais para um exercício de atividades espirituais: celebrações solenes, procissões, retirar-se para ouvir a voz do coração, encenações e filmes sobre os últimos passos da vida terrena de Jesus, cultos que abrem a possibilidade de se adentrar no mistério de um Deus que quis fazer valer o bem, a humildade, a tolerância, o amor traduzido em serviço solidário, que fez emergir uma nova lógica (cf. Jo 15,12-17) que custa ainda ser compreendida e executada em várias esferas, que se mostra atual e necessária.
Em um ambiente onde se evidenciam alguns aspectos que levaram à morte de Jesus – o medo de perder o poder, um julgamento manipulado, a traição pelo dinheiro, a tortura desnecessária, a crueldade para com o ser humano entre outros – a Semana Maior contextualiza a Paixão Morte e Ressurreição de Cristo na contemporaneidade dos fatos que envolvem o país e outros lugares do mundo, onde o grito pela vida precisa ser mais forte que o grito de dor.
Que as mãos que levam as armas da destruição, deem lugar às mãos que afagam, que enxugam as lágrimas de quem caminha entre pedras e espinhos; mãos capazes de construir valores que proporcionem o respeito para com o público e o privado; que evidenciem a pessoa que necessita de saúde, dignidade e, acima de tudo, respeito; e de corações que saibam perceber o limite quanto ao consumo de álcool , que está ceifando vidas de jovens e adultos nos ambientes de convivência.
O brilho maior dessa Semana é acreditar que, pelo sacrifício redentor de Jesus, mesmo com o aparente fracasso da Cruz, a vida surge de maneira nova e inesperada, conforme o anúncio da Ressurreição (Jo 20, 1-9). O sabor pascal não se dá pelos apelos do consumo de alimentos específicos ou chocolate, mas sim pela aceitação do mistério do amor que tudo vence e que torna possível a vida nova. Boa Semana Maior e, desde já, Feliz Páscoa!
Pe. Paulo Emiliano –Paróquia Sant´Ana – Sousas
e-mail: santanasousas@arquidiocesecampinas.com