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quinta-feira, agosto 7, 2025

Vídeo mostra Bolsonaro em reunião com ministros e ameaças a ex-ministro Moro

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Enquanto Bolsonaro brigava para interferir na Polícia Federal, ministro da Educação pedia a prisão de juízes da Suprema Corte e a ministra da Mullher queria detenção de governadores e prefeitos.

O presidente Jair Bolsonaro tenta minimizar, diz que jamais falou em intervir na Polícia Federal quando realizou a reunião ministerial em que ameaçou Sérgio Moro de demissão do cargo. Mas os relatos divulgados pela mídia sobre o encontro, registrado em vídeo, se confirmados com a exibição pública da fita, são uma vergonha para o país.

Nesta quarta-feira, ele anunciou que vai cancelar reuniões ministeriais. O relator do inquérito no STF, ministro Celso de Mello, consultou a Advocacia Geral da União, a Procuradoria Geral da República e a defesa de Sérgio Moro sobre a hipótese de dar publicidade ao material.

No Congresso, a avaliação é que Bolsonaro não apenas se mostra inepto para exercer o cargo, ao adotar um tom difamatório, inclusive com uso abusivo de xingamentos numa reunião presidencial para tratar de assuntos de Estado com colaboradores, como praticamente confessa crime ao tentar proteger sua família de eventuais investigações conduzidas pela Polícia Federal. O PT anunciou que vai requerer o vídeo para que a Câmara investigue o caso.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), condena tanto o papel de Bolsonaro quanto do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, e lembra dos esforços suspeitos de ambos na condução de investigações relativas a membros do próprio governo ainda no ano passado. “O vídeo de Bolsonaro intervindo na PF do Rio para proteger filhos e amigos é a prova de que ele já fez isso antes. Em 2019, obteve cópia do inquérito dos laranjas do PSL. E do próprio Moro. Ambos são criminosos”, destacou a parlamentar, que é advogada.

Ela quer transparência e acesso público ao registro feito pelo Palácio do Planalto do encontro ministerial. “Se Bolsonaro não tem nada a temer, como anda dizendo, por que não divulga o vídeo”, questionou. “Não precisa autorização do STF. Foi o pessoal dele quem gravou. O que se fala numa reunião de ministros que o povo não pode saber? Com certeza, com tantas pessoas na  reunião não se fala segredos de Estado”.

Palavrões no Planalto

O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), também disse que o relato do encontro ministerial é vergonhoso e temerário. “Xingamentos gratuitos a membros de outros poderes, declarada intenção de intervir em instituição federal autônoma e defesa da prisão dos governadores são demonstração de um governo autoritário”, advertiu, referindo-se aos relatos de que o ministro da EducaçãoAbraham Weintraub, defendeu na reunião palaciana a prisão dos 11 ministros do STF, enquanto a ministra dos Direitos HumanosDamares Alves, sugeriu a detenção de governadores e prefeitos por manterem isolamento social durante a pandemia.

“Se comprovadas as informações da tentativa de Bolsonaro de interferir nas investigações da Polícia Federal, bem como a negligência do ex-ministro Sérgio Moro em denunciar no tempo exato, estamos diante de crimes graves”, avalia o líder do PT no SenadoRogério Carvalho (SE). Ele ontem tomou a iniciativa de pedir ao Ministério Público Federal que investigue com base na denúncia de existência de grupos armados no acampamento antidemocrático na Esplanada dos Ministérios. “Milícias e seitas armadas não vão intimidar o Brasil e ameaçar nossa democracia”, advertiu o parlamentar.

O fato de Bolsonaro ter declarado mais cedo à imprensa que era preferível ter destruído o videotape da reunião ministerial, levou Gleisi a manifestar preocupação com a intenção do presidente. “Além de ser crime, essa fala é uma confissão de culpa. Por que destruir o vídeo se ele se diz inocente?”, cobrou. “Ele confirma que falou na reunião sobre proteger os filhos, mas distorce os fatos, alegando proteção à integridade física da família e não de blindá-los de investigações. Quem ele engana com essa balela?”.

O líder da Minoria no Congresso, deputado José Guimarães (PT-SP), anunciou que vai requerer a fita para que seja entregue à investigação de alguma das CPIs que estão em funcionamento na Câmara dos Deputados. “O presidente já passou do Rubicão. Não tem mais parâmetro. É impensável a Câmara não investigar”, defendeu.

Mais cedo, em uma rede social, o senador Humberto Costa (PT-PE) reagiu às declarações do General Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que se posicionou contrário à divulgação do vídeo do encontro no Planalto.

“Pleitear que seja divulgado, inteiramente, o vídeo de uma reunião ministerial, com assuntos confidenciais e até secretos, para atender a interesses políticos, é um ato impatriótico, quase um atentado à segurança nacional”, disse Heleno. O senador petista foi na jugular: “Mas o grampo ilegal em telefonema privado de uma presidenta da República [ Dilma Rousseff, feita pelo então juiz Sérgio Moro em março de 2016], podia, né? Vocês todos se merecem. Afundem abraçados nesse Titanic”.

Da Redação PT

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