O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, embarcou nesta quinta-feira (05/12) a primeira carga de pescados frescos para os Estados Unidos sem a emissão da Certificação Sanitária Internacional (CSI), um procedimento para exportação que exigia tempo e trabalho do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e de exportadores. Desde que a desburocratização foi anunciada, em outubro, testes começaram a ser realizados.
Nas últimas três semanas, foram carregadas 34 toneladas de filé fresco de tilápia para os Estados Unidos em caráter experimental. O procedimento de envio para os EUA foi realizado pelo exportador Fider, do grupo Mcassab, localizado em Rifaina (SP), em parceria com a Azul Cargo Express. No voo de quinta-feira foram embarcados 7 toneladas.
A expectativa da Fermac Cargo, agência de carga que coordena o projeto dos pescados em Viracopos, é de aumentar as frequências semanais e o volume exportado no aeroporto. As exportações estão sendo realizadas em conjunto entre o exportador (Fider/Mcassab), o importador, o agente de carga (Fermac Cargo), a companhia aérea (Azul Cargo), o sistema Vigiagro (Vigilância Agropecuária) do MAPA e a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, concessionária do aeroporto. O objetivo é intensificar esses embarques nas próximas semanas.
A intenção de toda essa cadeia é reduzir de 48 horas para 36 horas o processo que se inicia com a retirada do peixe da água, abate, filetagem, carregamento, transporte rodoviário, embarque e finaliza disponível para o consumidor nas prateleiras de grandes varejistas nos Estados Unidos. Essa agilidade se traduzirá na valorização do produto brasileiro diante dos concorrentes da América Central.
Os testes realizados nas últimas semanas demonstraram maior agilidade no processo, melhor desempenho e qualidade logística, além de menor custo na operação. Se esses resultados persistirem, é esperado incremento de vendas e valorização do produto brasileiro no mercado americano, segundo a Fermac. O consumidor daquele país terá acesso a um produto ainda mais fresco, com prazo de validade maior e menor preço.
“O Aeroporto de Viracopos tem ampla capacidade de oferta nos voos internacionais, contribuindo para o desenvolvimento das exportações dos pescados brasileiros, com agilidade e qualidade do produto”, disse a Diretora Comercial de Viracopos, Maria Fan.
Sem burocracia
Segundo Alexandre Duarte, diretor executivo da Fermac, o objetivo é fugir da burocracia e da ineficiência do atual local de embarque, evitar o trânsito caótico da grande São Paulo, obter maior atenção das autoridades que dão anuência ao processo para embarque e alinhamento com o aeroporto e com a companhia aérea. “A finalidade é reduzir o tempo de trânsito e elevar a qualidade do produto”, disse.
Segundo ele, Viracopos proporciona esse engajamento entre todos os atores envolvidos na operação, apresenta maior capacidade operacional de carga quando comparado a outros aeroportos e tem maior facilidade de acesso, com menor percurso do ponto de produção do pescado até o local de embarque.
Além dessas vantagens, o diretor aponta ainda a menor burocracia para acessibilidade aos terminais de carga de Viracopos (para motoristas, veículos, ajudantes), maior facilidade de agendamento de entrada dos veículos e maior capacidade emergencial (em caso de atraso de caminhão e necessidade de câmara fria, por exemplo).
Para Rita Lourenço, chefe do Vigiagro de Viracopos, o MAPA está em contato direto com toda a cadeia para ajustar procedimentos no aeroporto. “Isso é fundamental para a facilitação do comércio, sem prejuízo, no entanto, do cumprimento dos requisitos legais junto ao Mapa e aos demais órgãos de fiscalização e controle”, afirmou.
A exportação realizada nesta quinta-feira foi a primeira em Viracopos, cumprindo todo o rito do novo procedimento. “Com essa desburocratização, o que antes o Vigiagro levava cerca de duas horas, ao menos, desde a deslacração da carga, conferência documental e física, emissão da CSI e liberação no sistema, agora leva menos de cinco minutos”, afirma Rita.
E a tendência, segundo ela, é agilizar ainda mais, porque a alta gestão do Vigiagro está trabalhando na solução via sistema para que a liberação seja automática, o que representa ainda mais rapidez para o processo.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse que a medida reflete a confiança internacional no sistema de controle sanitário do Brasil. “Essa desburocratização do processo de exportação não significa a falta de controle, é o contrário, os empresários brasileiros vão seguir as regras da Administração Federal de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos, o que vai simplificando, desburocratizando o processo e aumentando a competitividade do setor”, afirmou.
O Brasil é o segundo maior exportador de pescados aos Estados Unidos, com o filé de tilápia como principal produto.
Segundo a Fermac, a Tilápia é uma das proteínas mais nutritivas, saudáveis e sustentável da atualidade e o método de produção da Fider/Mcassab, que utiliza concessões públicas para criar as tilápias em águas de rios e represas, gera um produto com alta qualidade por se tratar de criação no habitat natural, além de baixíssimo impacto ambiental quando comparado com as outras proteínas de origem animal. É um método produtivo mais modernos, social e ecologicamente correto além de atender a todos os requisitos de bem-estar animal, completou o agente de carga.