Apesar de o Brasil ter uma das maiores diversidades de primatas do mundo, com mais de 130 espécies registradas pela ciência, essa realidade pode mudar: muitas dessas espécies correm o risco de desaparecer por falta de habitat. No Piauí, por exemplo, o bugio-preto (Alouatta Caraya) já é considerado ameaçado de extinção.
Estudos sobre a distribuição das espécies, também apresentado no I Seminário de Pesquisa e Iniciação Científica do ICMBio, indicam que dos mais de 130 táxons de primatas brasileiros existentes, 26 estão ameaçados de extinção. Desses, dez estão Criticamente em Perigo, seis Em Perigo e dez Vulneráveis, conforme classificação da Lista de Espécies Ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
No mapeamento realizado em 31 municípios no sul do Piauí, pesquisadores do CPB mostraram que há poucos registros sobre a distribuição de bugio-preto no Semi-Árido brasileiro. Os pesquisadores observaram que os poucos indivíduos sobreviventes estão pressionados pela caça e pela descontinuidade das matas ciliares. O isolamento provocado pela fragmentação das matas ciliares – locais onde vivem – é o principal motivo que ameaça levar essa espécie à extinção.
Todos os registros do bugio-preto realizados entre 2005 e 2008 ocorreram durante as expedições à região do Alto Parnaíba, na bacia do rio Gurguéia, e nas drenagens pertencentes à Bacia do Rio São Francisco, ao sul da Serra Vermelha e da Serra da Capivara. Típica da região do Semi-Árido brasileiro, esse espécie também existe na América do Sul.
De pelagem inteiramente negra ou marrom-escura nos machos e marrom-amareladas nas fêmeas, essa espécie é conhecida no Nordeste não só como bugio-preto, mas também como carajá, guariba, guariba-preto. O estudo, elaborado pelos analistas ambientais Marcos Fialho e Juliana Ferreira, sobre a expansão e a distribuição dessa espécie também foi apresentado no I Seminário de Pesquisa e Iniciação Científica do ICMBio.
Os pesquisadores produziram 72 entrevistas entre 2005 e 2008, em 31 municípios do centro e do sul do Piauí. Das 72 entrevistas, 20 foram fieis às declarações dos entrevistados. Na apresentação do trabalho, durante o seminário, eles informaram que os dados de campo sugerem que a ocorrência dessa espécie está restrita às matas ciliares e às suas proximidades, bem como aos boqueirões – regiões úmidas existentes no Semi-Árido e em outras regiões tanto do Cerrado como da Caatinga.