21.9 C
Campinas
domingo, julho 6, 2025

Cultura digital: as novas (inter)faces da informação, da arte e da política

Data:

Os termos “cultura” e “digital” em pouco tempo devem estar tão próximos, que poderão soar como um pleonasmo. Isso porque os avanços tecnológicos devem impregnar quase todas as áreas do conhecimento e das artes. Contudo, nesse momento, o conceito cultura digital é apropriado para debater os impactos das tecnologias digitais e da conexão em rede na sociedade. A digitalização da cultura, somada à corrida global para conectar todos a tudo, o tempo todo, torna as redes abertas algo essencial, o que demanda uma reflexão específica. Essa tendência é aplicada aqui no Brasil pelo Fórum da Cultura Digital Brasileira.    
Lançado em julho deste ano – numa iniciativa pioneira resultado de uma aliança entre o Ministério da Cultura, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e a sociedade civil organizada -, o fórum já aglutina mais de 2.300 pessoas numa rede social via internet para debater cultura digital. Agora, entre os dias 18 e 21 de novembro, ocorre o Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital, encontro presencial deste processo para trazer à tona as discussões que acontecem ativamente na rede e propor uma política pública para a área.


Os organizadores do Fórum da Cultura Digital Brasileira lançaram em setembro uma publicação para estimular o debate. É uma obra aberta, inicial, que continua e se consolida com as discussões que ocorrem na rede culturadigital.br.

Para iniciar essa provocação, mais de 20 entrevistas formam uma mostra do pensamento contemporâneo brasileiro sobre cultura digital. Economistas, antropólogos, jornalistas, comunicadores, representantes do governo, sociólogos, músicos, poetas e pesquisadores falaram sobre o assunto. Parte dos temas desenvolvidos nas conversas aponta para discussões que vem acontecendo no fórum e que vão se consolidar durante o Seminário Internacional. No encontro, como no livro e na plataforma online, as mesas de debate serão divididas em memória, comunicação, arte, infraestrutura e economia.


Leia a seguir algumas idéias presentes no livro CulturaDigital.br:

“É preciso políticas de digitalização de acervos, de capacitação das lan houses, é preciso que as universidades e os coletivos tenham os meios e condições de aportar esse conteúdo novo na internet, é preciso sites e portais, iniciativas que botem em questão essa discussão sobre o falar na Internet, tematizando esta metalinguagem, esse jogo de espelhamento que permite o amadurecimento, uma curva de aprendizado na relação entre estes novos falantes, que estavam ali antes da internet esperando uma chance de falar. Então o que seriam políticas públicas, não exclusivamente estatais, mas tendo no Estado um dos entes da sociedade? Seria uma política de apoio à produção, apoio à circulação, à crítica cultural, à arte tematizando e formalmente desconstruindo os novos mecanismos da internet, investindo na tecnologia descentrada. Então eu acho que é um convite à inovação, um convite à formação, à capacitação, à troca.” (Alfredo Manevy – secretário-executivo do Ministério da Cultura)

“A cultura digital é a cultura do século XXI. É a nova compreensão de praticamente tudo. O fantástico da cultura digital é que a tecnologia trouxe à tona mudanças concretas, reais e muito práticas em relação a tudo que está acontecendo no mundo, mas também reflexões conceituais muito amplas sobre o que é a civilização e o que nós estamos fazendo aqui. A mitologia do século XXI é desencadeada a partir do digital.” (Cláudio Prado – coordenador do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital)

“Nós estamos acostumados a um modelo econômico em que você produz bens físicos pelo mercado, vende, recebe dinheiro e produz mais bens. É a economia do século passado. Hoje estamos nos deslocando para uma economia onde a produção física tem muito menos importância no processo de valoração. Tipicamente, num produto, hoje, quando você paga 100 reais, você está pagando 25 pelo produto e 75 pela pesquisa, pelo design, pelo sistema de comunicação, pela divulgação etc. Quando o conhecimento se torna o principal elemento de valor de um produto determinado, as relações mudam.” (Ladislau Dowbor, economista)

“Cultura digital é tudo que explora as novas mídias que surgiram e se popularizaram nos últimos 15 anos. A mídia se transformou e com isto surgiu um monte de oportunidades, de relações sociais que eram impossíveis antes deste tipo de mídia descentralizada de duas vias que a gente tem hoje. É a história do trem, da estrada de ferro que chega à cidade e aquilo muda completamente a forma em que as pessoas vivem. O que a gente está vendo hoje é um novo tipo de estradas virtuais, novos caminhos e novas formas das pessoas se conectarem, que estão reestruturando completamente a forma de como a cultura é feita. Essas novas mídias estão mudando de forma transversal todas as organizações de relacionamento, com impacto em todas as esferas: a cultura, a política, a ciência, o direito, a economia.” (Ronaldo Lemos – coordenador do projeto Creative Commons no Brasil)

“O digital já entrou na nossa vida, mesmo na de quem não sabe disso. Mesmo a minha avozinha, que tem quase 90 anos e mora numa cidadezinha do interior, ela já vive na cultura digital, mesmo que ela não navegue na internet, porque as contas dela, o supermercado, as notícias, a televisão analógica que ela assiste já são impregnados de cultura digital. Então já vivemos nessa nova plataforma, mas ainda não entendemos isso, então temos essa necessidade de falar, de reforçar o digital.” (Marcelo Tas – apresentador)

“A aproximação e abertura da rede (digital) acadêmica, tradicionalmente um território das ciências exatas, para as ciências sociais aplicadas e as artes é algo que só agora o mundo começa a experimentar. Trata-se de uma aposta que estamos fazendo. Uma aposta por colocar a rede a serviço daqueles novos fluxos capazes de conferir novos sentidos aos fixos instalados no território, re-significando instituições e possibilitando novas interações” (Álvaro Malaguti e Antônio Carlos F. Nunes – RNP)

SERVIÇO:
Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital

Data: 18/11 a 21/11
Local: Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe esse Artigo:

spot_imgspot_img

Últimas Notícias

Artigos Relacionados
Relacionados

Polícia Federal e CGU fazem operação contra fraude em serviços de saúde no Piauí

A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (25/6), a Operação...

Hospitais privados vão atender o SUS em troca de dívidas com a União

Campinas - Em uma iniciativa inédita que promete desafogar...

Copom decide nesta quarta se pausa ciclo de altas na Taxa Selic

Com a inflação desacelerando, mas alguns preços, como a...

Mega-Sena acumula novamente e prêmio principal vai para R$ 130 milhões

Nenhum apostador acertou as seis dezenas do concurso 2.877...
Jornal Local
Política de Privacidade

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) já está em vigor no Brasil. Além de definir regras e deveres para quem usa dados pessoais, a LGPD também provê novos direitos para você, titular de dados pessoais.

O Blog Jornalocal tem o compromisso com a transparência, a privacidade e a segurança dos dados de seus clientes durante todo o processo de interação com nosso site.

Os dados cadastrais dos clientes não são divulgados para terceiros, exceto quando necessários para o processo de entrega, para cobrança ou participação em promoções solicitadas pelos clientes. Seus dados pessoais são peça fundamental para que o pedido chegue em segurança na sua casa, de acordo com o prazo de entrega estipulado.

O Blog Jornalocal usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Confira nossa política de privacidade: https://jornalocal.com.br/termos/#privacidade