TEMPEROS QUE CURAM
As especiarias sempre tiveram um papel importante na alimentação, dando cor e sabor aos pratos. Agora assumem um papel de destaque na saúde
Por Michelle Jardim
Especiarias são temperos ou condimentos usados na culinária para proporcionar sabores diferentes nas comidas. Forem ricamente valorizadas nos séculos XV e XVI, na Europa, no período das Grandes navegações e com o surgimento da burguesia, que intensificou a demanda por produtos considerados de luxo na época.
No século XV, os comerciantes de Gênova e Veneza, cidades italianas, tinham o monopólio destas especiarias. O trâmite era o seguinte: compravam no Oriente, principalmente na Índia e China, e vendiam com alta porcentagem de lucro no mercado europeu. O interessante é que estas especiarias foram introduzidas na Europa através da rota do Mar Mediterrâneo, dominada pelos comerciantes italianos.
No século XVI, os portugueses descobriram uma rota alternativa para chegar ao oriente, navegando através da costa da África. Passaram a comprar as especiarias diretamente da fonte, diluindo o monopólio italiano.
As caravelas portuguesas chegavam à Europa carregadas de especiarias, que eram vendidas como artigos de luxo. Como consequêcia desta epopéia comercial, Portugal se tornou potência econômica da época.
Hoje sabemos que as especiarias prestam grande benefício ao indivíduo, não só apurando o paladar gastronômico, mais também estimulando a resistência do organismo contra agentes causadores de doenças, acelerando o processo digestivo e melhorando as defesas do corpo.
1. Pimenta calabresa
Na culinária: mais usada na finalização dos pratos, a pimenta tem um uso um tanto restrito, pois seu efeito está mais relacionado à sensação do que ao sabor.
Na saúde: boa para o fígado, por ser um ingrediente quente, deve ser evitada por pessoas com hipertensão. Indicada nos casos de anorexia, dispepsia, faringite e inflamações. Contém uma substância chamada capsaicina que, a baixas doses, estimula o apetite e a secreção de sucos gástricos, além de diminuir a dor.
2. Hortelã
Na culinária: bastante utilizada na região da Toscana, principalmente nas receitas à base de peixe.
Na saúde: tem várias propriedades curativas. É calmante, tônica, antiespasmódica, combate os vermes e é digestiva. Usada contra inapetência, dispepsia, flatulência, síndrome do cólon irritável, vômitos, enxaqueca, fadiga e sinusite. Também alivia dor de dente, urticária, gripes e resfriados. Na homeopatia é utilizada na tosse seca, cólica hepática e ainda contra o prurido vaginal.
3. Orégano
Na culinária: ingrediente importante para personalizar os pratos preparados pelo chef, combina com massas, carnes e saladas.
Na saúde: é usado contra inapetência, diarréia, faringite, bronquite, asma, otite, e sinusite. Também é eficaz para problemas de pele. É digestivo, expectorante, anti-séptico e diurético. Topicamente, é analgésico e cicatrizante.
4. Noz-moscada
Na culinária: muito relacionada à categoria de sabores e sensações, Bonadini a utiliza em risotos e na produção das massas frescas.
Na saúde: melhora a função hepática, é diurética e digestiva. Muito usada contra inapetência, diarréia, halitose e dores musculares. Aumenta o apetite, é anti-séptica e estimulante do sistema nervoso central. Seus óleos essenciais têm efeito antiinflamatório.
1. Açafrão-da-terra
Na culinária: o açafrão é o barão das especiarias, não só pelo preço mas também por ser um ingrediente completo em sensação e sabor, não precisando da ajuda de nenhum outro tempero para dar ao prato um aroma único e bastante nobre.
Na saúde: usado como antiinflamatório nas artrites, eczema, psoríase, tosse e machucados. Previne aterosclerose e trombose e combate problemas gastrointestinais e hepáticos.
2. Alecrim
Na culinária: muito requisitado para o preparo de peixes e carnes, tanto no tempero quanto no molho.
Na saúde: é um excelente antioxidante. Como chá, limpa as mucosidades estomacais, abre o apetite e facilita a digestão. Usado também nos casos de estresse, inflamações, seborréia, contusões e entorses. Seu óleo essencial é bactericida.
3. Sálvia
Na culinária: espécie de filha do manjericão, costuma ser usada para valorizar o preparo de peixes e carnes.
Na saúde: seu chá combate inflamações nas gengivas e aftas, aumenta o apetite, melhora as secreções digestivas, age contra gastroenterites, diarréias e hipertensão arterial. Indicada para problemas de pele, como micoses e feridas. Em xampus tem ação anticaspa e estimulante. Usada em loções para peles oleosas e com acne.
4. Manjericão
Na culinária: muito utilizado em molhos da cozinha mediterrânea, é um companheiro fiel do tomate e de suas variações.
Na saúde: possui propriedades digestivas e elimina os radicais livres. É indicado para dispepsia, tosse irritativa, inapetência, enxaquecas, parasitoses intestinais, faringite, feridas e combate dores musculares.
5. Manjerona
Na culinária: assim como o orégano, a sálvia e o alecrim, intensifica o sabor de carnes, peixes e molhos.
Na saúde: o vapor da infusão da planta é bom para desobstruir o nariz. Como chá combate artrites e reumatismo. Colocada em alimentos, auxilia na digestão e estimula o apetite. Indicada contra gastrite, úlcera, ansiedade, hipertensão arterial, insônia, enxaqueca e problemas respiratórios. É analgésica e cicatrizante.